O Letramento Linguístico e o Ensino de Gramática da Língua Portuguesa no Brasil | Author : Ana Flávia Lopes Magela Gerhardt | Abstract | Full Text | Abstract :Este artigo apresenta as bases teóricas e programáticas que sustentam o conceito de letramento linguístico, delineando suas características principais e situando-o como um dos conceitos basilares da discussão sobre o ensino de língua materna no Brasil. Tais características são empregadas como ponto de partida para uma argumentação crítica acerca das visões hegemônicas da ideia de letramento na pesquisa em ensino no Brasil: o letramento individual e o social. As conclusões oriundas do que se dispõe como letramento linguístico e sua contribuição para a melhoria da qualidade do ensino são o insumo para a discussão de um texto de Francisco Platão Savioli que descreve a história do ensino de gramática no Brasil. Essa análise crítica inspira e motiva observações sobre os problemas estruturais do ensino e da pesquisa na área, e serve de base para a proposição de ações didático-pedagógicas relacionadas à ideia do letramento linguístico como um dos objetivos do ensino de língua portuguesa como língua materna. |
| Para uma Pedagogia da Variação no Ensino Médio: Pesquisa Sociolinguística sobre Pronomes Pessoais | Author : Leandro Silveira Fleck, Taíse Simioni | Abstract | Full Text | Abstract :O nosso objetivo neste trabalho é o de apresentar uma unidade didática que teve como tema a variação no paradigma pronominal na posição de sujeito, sendo discutida a questão da inserção do você e do a gente como formas inovadoras. A construção da unidade didática e sua análise tiveram como pressupostos teóricos a sociolinguística laboviana (LABOV, 2008) e a proposta de uma pedagogia da variação linguística (FARACO, 2008). Como parte da metodologia, a unidade didática foi planejada e aplicada em uma turma de 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Itaqui (RS). A partir da proposta de uma pesquisa de campo, os alunos realizaram a análise do paradigma tradicional, que, de maneira geral, é omisso ou pouco consistente em relação aos pronomes inovadores, comparando-o com o resultado da pesquisa de campo. Tal pesquisa revelou, dentro dos seus limites, que tanto o você quanto o a gente são facilmente encontrados na fala e na escrita dos falantes do município gaúcho de Itaqui, e isto abriu caminho para que a variação linguística fosse discutida em sala de aula, de maneira que a teoria e a prática estivessem unidas. Essa proposta de trabalho envolvendo os alunos foi pensada como forma de atestar a importância de se criar espaço para a pedagogia da variação linguística, impregnando, dessa forma, o ambiente escolar com a pesquisa a respeito da língua, como proposto por Bagno (2007). |
| Objeto Direto Anafórico como Estratégia de Referenciação: Mediação Didática para o Ensino Fundamental | Author : Angela Marina Bravin dos Santos, Clea Daniele Cruz de Lima | Abstract | Full Text | Abstract :Esta é uma pesquisa-ação (TRIPP, 2005) para estudo e uso do objeto direto anafórico no sétimo ano do Ensino Fundamental. No português brasileiro, essa categoria pode ser realizada por meio de clíticos, sintagmas nominais, pronomes pessoais e por uma anáfora zero, o objeto direto nulo, sendo, portanto, uma realização variável. A escola, geralmente, focaliza o estudo dos clíticos, pautando-se na memorização de nomenclaturas e em atividades descontextualizadas que não refletem o seu uso. O objetivo deste trabalho é justamente apresentar atividades didáticas que possibilitem ao aluno lidar com as quatro estratégias do objeto direto anafórico, a depender do evento linguístico em que está inserido. Trata-se de uma mediação didática com base na abordagem colaborativa de ensino/aprendizagem (BEHRENS, 2013), associada a duas abordagens linguísticas: i) a da Referenciação (KOCH, 2006; WERNECK, 2015, CAVALCANTE, 2009) e ii) a dos Contínuos (BORTONI-RICARDO, 2004, 2005), com ênfase no contínuo oralidade-letramento. |
| Os Componentes Linguístico e Extralinguístico na Construção dos Sentidos | Author : Maria Aparecida Lino Pauliukonis | Abstract | Full Text | Abstract :Pretende-se apresentar proposta de análise de um texto jornalístico -- reportagem em revista--, a partir da concepção de texto como discurso ou como um evento em situação interativa de linguagem, em que se manifestam elementos linguísticos e extralinguísticos. Com base em aparatos teóricos da Linguística do Texto e da Análise do Discurso, focalizam-se as operações linguístico-discursivas por meio das quais se observam funções do componente gramatical, sua realização segundo normas do código linguístico, e das operações discursivas realizadas por enunciadores regidos por um contrato comunicativo, com o fim de produzir efeitos de sentido e influência. |
| A Gramática como Descoberta | Author : Maria José Foltran, Andrea Knöpfle, Marcos Carreira | Abstract | Full Text | Abstract :O objetivo deste trabalho é rever a discussão sobre ensino de gramática, feita nos últimos anos no Brasil, argumentando que esse ensino pode contribuir sobremaneira para maior compreensão da língua materna e de línguas estrangeiras, desde que embasado em conhecimento científico. Nosso encaminhamento é que o ensino de gramática precisa trabalhar com duas acepções: a) a gramática possibilita entender por que uma expressão linguística significa o que ela significa; b) aprender gramática é aprender a explicitar regras que sabemos, mas que não são conscientes e, ao mesmo tempo, aprender a refletir sobre elas. Com a primeira acepção, argumentaremos contra a ideia de que a gramática não ajuda em nada na produção e compreensão de textos, tese amplamente defendida por alguns profissionais que defendem a aprendizagem da língua por meio de textos, apenas. Embora concordemos que o objetivo central do ensino de língua seja formar o cidadão, tendo por meta a leitura e compreensão de gêneros textuais, defendemos que a gramática tem um papel importante na aquisição desse conhecimento. Com a segunda acepção, demonstramos que o ensino de gramática é uma ferramenta única para explicitar um conhecimento interiorizado, permitindo um domínio maior em duas direções: a) desenvolver uma reflexão científica sobre um fato natural, a linguagem, por meio de uma metodologia que pode ser generalizada para qualquer outro campo científico; b) perceber o funcionamento das línguas naturais. Nessas bases, o ensino de gramática não pode mais ser entendido como ensino da modalidade culta, embora ninguém negue que possibilitar o domínio da vertente culta da linguagem seja atribuição da escola. Concluímos o trabalho mostrando a necessidade de separar ensino de gramática e ensino de língua culta. Somente assim o ensino de ambas pode fazer sentido e produzir resultados positivos. |
| O Dogma do Sujeito e Outros Dogmas | Author : Raquel Freitag | Abstract | Full Text | Abstract :Neste texto, são discutidos aspectos relativos ao ensino de gramática no âmbito da disciplina Gramática, Variação e Ensino, do Profletras. A partir de uma abordagem autoetonográfica, evidencia-se que o ensino produtivo de gramática parte inicialmente da desconstrução de dogmas acerca de fatos da língua que perpassam as práticas dos professores-mestrandos de Língua Portuguesa. |
| O Ensino de Verbos no Ensino Médio à Luz do Funcionalismo Linguístico | Author : Fernanda Carolina Mendes, Leosmar Aparecido da Silva | Abstract | Full Text | Abstract :O objetivo deste trabalho é apresentar algumas contribuições funcionalistas para o ensino de verbos no Ensino Médio. Entende-se que a ênfase no exame dos aspectos flexionais dessa classe de palavras em sala de aula tende a tornar mecânica a capacidade analítica do aluno não só em relação ao exame da categoria verbo, mas de toda a língua, de modo a não se atentar para os aspectos semânticos e discursivo-pragmáticos envolvidos no uso da linguagem. Em função disso, buscou-se, inicialmente, problematizar a conceituação da categoria verbo com base em alguns livros didáticos. Em seguida, apresentaram-se três importantes contribuições funcionalistas para o tratamento dessa classe de palavras: 1) a prototipia e a gramaticalização nos verbos, 2) a gradiência da transitividade, e 3) as embreagens verbais. Como resultados, verificou-se que alguns conceitos funcionalistas, juntamente com a proposta de Fiorin (1996), propiciam reflexões fundamentais não só para se pensar o ensino produtivo e crítico da categoria verbo, mas para a compreensão de aspectos mais gerais ligados à organização da própria língua. |
| Ensino de Gramática e Múltiplos Letramentos: Percepções sobre a Construção de Sentidos sob Influência do Valor Indexical da Linguagem e seu Impacto no Ensino da Concordância Verbal | Author : Danieli Silva Chagas | Abstract | Full Text | Abstract :Este artigo apresenta reflexões sobre as possibilidades inerentes ao ensino de fenômenos linguísticos de natureza microestrutural, como a concordância verbal, a partir dos três eixos para o ensino de gramática (VIEIRA, no prelo), a saber, (i) o ensino de gramática como atividade reflexiva (FRANCHI, 2006; BASSO e OLIVEIRA, 2012; FOLTRAN 2013), (ii) o ensino de gramática vinculado à produção de sentidos (NEVES, 2013; PAULIUKONIS, 2014; ORLANDI, 2006; SIGNORINI, 2006; SIGNORINI, 2008) e (iii) o ensino de gramática relacionado ao plano da variação e normas (VIEIRA, 2013; GÖRSKI; FREITAG, 2013; MARTINS, VIEIRA, TAVARES, 2014). Trata-se da apresentação de alternativas para o trabalho com o eixo 2, mais bem explorado, a princípio, em estudos voltados para fenômenos de natureza macroestrutural que em fenômenos como a concordância. As reflexões apontam alternativas existentes para o trabalho da concordância verbal, e de outros fenômenos, face à abordagem da construção de sentidos sob a ótica dos múltiplos letramentos e do valor indexal da linguagem. |
| Para a Caraterização do Ensino e da Aprendizagem da Gramática em Portugal: as Perceções dos Professores | Author : Maria Cristina Vieira da Silva, Íris Susana Pires Pereira | Abstract | Full Text | Abstract :O principal objetivo deste texto consiste em investigar de que forma, no contexto educativo português das últimas duas décadas, marcado por uma rápida sucessão de normativos curriculares relativos à educação linguística, o ensino gramatical é percecionado pelos professores do 1.º e do 2.º Ciclo do Ensino Básico, graus de ensino correspondentes aos primeiros seis anos de escolaridade (séries iniciais) do Ensino Fundamental.
Situando-nos no quadro da Linguística Educacional (SPOLSKY, 1999) e no domínio do ensino da gramática na língua materna em particular, analisamos e discutimos as perceções que estes docentes têm sobre o seu conhecimento profissional implicado no ensino da gramática, à luz do modelo proposto por SHULMAN (1987) e adaptado por GROSSMAN (1990). A escolha do quadro metodológico de investigação recaiu sobre o estudo de caso coletivo. Apresentamos os resultados da análise de dados recolhidos através de um inquérito por questionário, aplicado a 200 docentes, visando identificar (i) a importância atribuída e a frequência com que estes docentes trabalham o conhecimento gramatical, (ii) o grau de adequação percecionado quanto ao seu conhecimento do conteúdo e conhecimento pedagógico, bem como (iii) as dificuldades percecionadas no ensino-aprendizagem da gramática.
Os resultados permitem-nos assumir uma complexidade de fatores implicados na construção dessas perceções e potencialmente intervenientes no ensino da gramática: o conhecimento do conteúdo, o conhecimento pedagógico do conteúdo e também o conhecimento curricular. Com base nestes resultados, problematizamos o ensino da gramática sublinhando a necessidade de renovação da formação em práticas pedagógicas e de valorização das diferentes dimensões implicadas, de forma a que os docentes possam tomar opções pedagógicas mais consistentes quanto às suas implicações. Parece-nos, pois, necessário reequacionar a formação destes docentes, visando (re)consciencializar os professores da complexidade do conhecimento de base implicado no ensino gramatical e do seu efetivo papel na construção das aprendizagens dos alunos. |
| A Apreensão de Aspectos Morfossintáticos que Iluminam os Sentidos do Gênero Poema | Author : Elisabeth Ramos da Silva, Maria José Milharezi Abud | Abstract | Full Text | Abstract :O objetivo deste texto é apresentar breves justificativas sobre a importância do ensino da gramática, sobretudo no que diz respeito aos aspectos morfossintáticos dos enunciados presentes no gênero poema. Sabe-se que o ensino de gramática tem sido um dos temas mais controversos entre os professores de língua portuguesa. Em geral, os que são contrários acreditam que aprender os aspectos gramaticais da língua não acrescenta novas habilidades linguísticas ao aluno. Outros creem que é necessário ensinar os conteúdos gramaticais, pois entendem que tal aprendizagem é necessária, já que o domínio da norma padrão é uma exigência social. Neste texto, será apresentada a argumentação de Vigotski quanto à utilidade do ensino de gramática não só para desenvolver as habilidades linguísticas, mas também para corroborar o desenvolvimento global do aluno. Para tanto, primeiramente serão abordadas algumas concepções vigotskianas imprescindíveis à devida compreensão dessa discussão, tais como o papel da escola para o desenvolvimento dos conceitos científicos e a tomada de consciência, que permite, no caso do ensino da língua, o manejo consciente e arbitrário das regras gramaticais concernentes à norma padrão. Além disso, no âmbito deste trabalho, essa tomada de consciência é o fator que leva o aluno a expandir a leitura do gênero poema, possibilitando-lhe a apreensão de expedientes poéticos que passariam despercebidos sem a análise dos aspectos morfossintáticos. Em seguida, serão oferecidos exemplos de análises morfossintáticas no gênero poema, de acordo com as abordagens teóricas de Bechara, Henriques, Abreu, Neves, entre outros, que ilustram como esse conhecimento gramatical pode ampliar e ressignificar os sentidos do texto. Por se tratar do gênero poema, os exemplos propostos serão mais adequados a alunos do Ensino Médio. |
| A Posição VS/SV no Português Brasileiro: Tradição, Pesquisa e Ensino | Author : Shélida da Silva dos Santos, Julio Manoel da Silva Neto | Abstract | Full Text | Abstract :Observamos, ainda hoje, que o ensino de língua materna nos colégios continua seguindo, por diversas vezes, apenas o prescrito pela tradição gramatical, sem levar em consideração uma reflexão linguística sobre os usos dos falantes. Diante dessa questão, fica perceptível a lacuna existente entre o produzido no ambiente de pesquisas científicas e o que efetivamente chega às escolas. Considerando esse fato, o presente trabalho discute a relação entre os eixos tradição gramatical (BECHARA, 2009; CUNHA; CINTRA, 2008), pesquisa linguística (SANTOS, 2008; SANTOS e SOARES DA SILVA, 2012) e ensino (BASSO; OLIVEIRA, 2012; FRANCHI, 2013), com enfoque na ordem do sujeito -- SV/VS --, em alguns contextos, e verbos transitivos, intransitivos e inacusativos. Nesta primeira etapa, partindo do que postula a tradição e retomando este conteúdo à luz das pesquisas , apresentamos alguns fatores para a motivação da ordem SV/VS e a diferença entre as transitividades verbais, ressaltando a distinção entre os verbos monoargumentais intransitivos e inacusativos. Após esse ponto, nosso olhar se voltou para um livro didático, um dos maiores suportes pedagógicos do docente, a obra Português: contexto, interlocução e sentido (ABAURRE; PONTARA; ABAURRE, 2013), muito usada nas escolas públicas do Rio de Janeiro, a fim de observarmos como esses fenômenos são contemplados nesse material didático. Em nossa análise, notamos que a obra segue apenas o proposto pela gramática tradicional, sem abordar uma reflexão sobre a ordem do sujeito, nem sobre a transitividade verbal. Com base nesse ponto, julgamos válido propor sugestões de exercícios (comentados), sobre esses tópicos já apresentados acima, focalizando gêneros orais e escritos, destinados ao segundo ano do ensino médio, tendo como base o Currículo Mínimo do Estado do Rio de Janeiro (2012). |
| Apresentação | Author : Afranio Gonçalves Barbosa, Silvia Rodrigues Vieira | Abstract | Full Text | |
| Gramática e Ensino | Author : Carlos Alberto Faraco | Abstract | Full Text | Abstract :Neste artigo, fazemos uma breve revisão histórica do ensino de gramática desde a Antiguidade Clássica. Na sequência, recuperamos as características do ensino de gramática na tradição escolar luso-brasileira e resenhamos algumas das principais propostas alternativas ao modelo tradicional formuladas, nas últimas décadas, por linguistas brasileiros que têm se envolvido com o ensino de língua portuguesa. Seguimos, portanto, uma metodologia historiográfica e, na parte final, damos destaque a questões que precisam ser melhor detalhadas nas propostas alternativas. |
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