Para uma história linguística e social do Rio Grande do Sul – Século XIX | Author : Valéria Neto de Oliveira Monaretto, Paulo Ricardo Silveira Borges | Abstract | Full Text | Abstract :Neste artigo, apresentamos uma proposta de análise que possibilite o desenvolvimento de outras pesquisas sobre uma histórica linguística e social do Rio Grande do Sul do século XIX. Propomos temas a serem estudados e que contemplam diferentes aspectos relacionados à constituição e à formação sócio-histórica e linguística das comunidades gaúchas. Para tanto, pretendemos recuperar informações específi cas do século XIX encontradas nos textos de teatro, nos jornais, nos relatos de viagens, com o objetivo de compreender melhor as motivações e como ocorreram os processos de variação e mudança que representam um continuum sócio-histórico característico dos diferentes dialetos gaúchos. Esperamos que, a partir deste texto, as temáticas abordadas sejam mais bem desenvolvidas em novas propostas interinstitucionais de pesquisas complementares. |
| Aspectos da história socioeconômica e linguística do Brasil | Author : Carlos Alberto Faraco | Abstract | Full Text | Abstract :O objetivo do texto é discutir aspectos da história socioeconômica e linguística da sociedade brasileira. Busca-se analisar os efeitos sociolinguísticos da formação mercantilista escravocrata, própria do período colonial; do capitalismo industrial e do capitalismo tardio. O texto se fundamenta numa ampla revisão bibliográfica e mostra que a sociedade brasileira do século XXI alberga, conflituosamente, os efeitos socioeconômicos e linguísticos da formação colonial, do desenvolvimento precário do capitalismo industrial e dos desafios trazidos pelo capitalismo tardio. |
| Dinah, como você não há!... | Author : Kate Lúcia Portela | Abstract | Full Text | |
| Apresentação | Author : Carolina Serra, Eugênia Duarte | Abstract | Full Text | |
| Ebulição e sedentarização linguística, o lugar da economia de subsistência na formação do Português Brasileiro | Author : Emílio Gozze Pagotto | Abstract | Full Text | Abstract :Neste ensaio apresento a hipótese de que a economia de mercado interno e, em especial, a de subsistência constituem o locus no qual se desenvolvem os processos linguageiros primordiais para a formação do português brasileiro. Tal assunção implicaria a adoção de um modelo de interferência pelo contato linguístico de longa duração, ao contrário do que pressupõem os modelos explicativos baseados na ruptura e regeneração, para dar conta do papel que o contato com línguas indígenas e africanas tiveram na formação do português do Brasil. |
| Um estudo sobre a redução dos ditongos nasais na fala fluminense | Author : Caio Cesar Castro da Silva | Abstract | Full Text | Abstract :Neste estudo, pretendemos verifi car se a redução dos ditongos nasais em sílaba átona final é um processo característico da fala de indivíduos menos escolarizados no Português Brasileiro. Para tanto, são observadas as sílabas átonas fi nais de palavras recolhidas em um corpus da variedade fluminense que contrasta a fala de indivíduos com ensino superior completo com indivíduos cuja formação acadêmica é do nível fundamental. Os resultados apontam que esse é um fenômeno pouco difundido na fala carioca, mas presente tanto nas variedades de indivíduos menos escolarizados, quanto na dos mais escolarizados. |
| Notas sobre orações existenciais, parâmetros pro-drop e constituintes locativos na história do Português Brasileiro | Author : Juanito Ornelas de Avelar | Abstract | Full Text | Abstract :Este estudo correlaciona a emergência de ter como o verbo existencial canônico do português brasileiro a mudanças relativas ao parâmetro pro-drop e ao licenciamento de constituintes locativos em posição de sujeito. O trabalho é baseado na observação de dados dos séculos XIX e XX e procura mostrar que o estatuto existencial de ter no português brasileiro deriva de restrições à interpretação de sujeitos nulos referenciais e a um processo de reanálise desencadeado pela presença de termos locativos em posição pré-verbal. O estudo também associa a tendência à supressão de haver ao fato de as orações com esse verbo não dispor de uma posição licenciadora de sujeito, uma propriedade requerida pelo novo estatuto pro-drop da língua. |
| Mudança na posição do sujeito em cartas pessoais brasileiras: a ordem VS e o estatuto informacional do sujeito | Author : Silvia Regina de Oliveira Cavalcante | Abstract | Full Text | Abstract :Neste trabalho, apresentamos uma análise da posição do sujeito em cartas pessoais escritas por brasileiros nascidos entre o início do século XIX e meados do século XX a fi m de verifi car: (i) como se dá a diminuição da ordem VS ao longo do tempo; (ii) em quais contextos sintáticos o sujeito pós-verbal ocorre; (iii) como se pode relacionar essa mudança a um contexto de competição de gramáticas. Com relação ao item (iii), nossa pergunta principal está relacionada às gramáticas subjacentes que geram um sujeito pós-verbal: a ordem VS pode ser gerada por fatores de estrutura informacional (foco informacional, foco contrastivo), por condicionamentos sintáticos (interrogativas, subordinadas) ou pode ser remanescente em construções inacusativas e de inversão locativa (que são os casos encontrados em línguas como Francês ou Inglês). Isso pode se dever à mudança paramétrica que afeta o Português Brasileiro, um sistema caracterizado como de sujeito nulo parcial. |
| A linguística histórico-diacrônica no Brasil pós-1980 e a questão do contato linguístico | Author : Tânia Conceição Freire Lobo | Abstract | Full Text | Abstract :Este texto foi concebido em duas partes distintas que dialogam. Na primeira parte, discuto como a Linguística Histórico-Diacrônica pós-década de 1980 no Brasil vem abordando a questão do contato linguístico, questão que, do meu ponto de vista, não pode ser tratada como um tema de história externa. Conforme Mattos e Silva (2000), o contato é aspecto central na formatação da variante social demografi camente majoritária do português brasileiro, o chamado português popular brasileiro. Na segunda parte, o foco recairá sobre a história linguística de uma das duas colônias portuguesas na América – o Estado do Brasil2 – do século XVI ao XVIII, período ainda praticamente inexplorado por nós. Partindo da constatação de que nenhuma língua africana faz parte da ecologia linguística do Brasil hoje, estabeleço um contraste com o multilinguismo indígena e africano no passado e demonstro, quanto aos africanos, não só a predominância banta (cf. ALMEIDA, 2014), mas também os fortes indícios de que o quimbundo teria sido uma língua geral no Brasil colonial (cf. LIMA, 2013 e PETTER, 2017). O objetivo subjacente ao texto é afi rmar a relevância de conjugar três teorias – a Teoria da Mudança, a Teoria da Aquisição e a Teoria do Contato – na abordagem histórico-diacrônica do português brasileiro. |
| A identificação dos perfis socioculturais dos redatores de corpora históricos: encaminhamentos metodológicos | Author : Célia Regina dos Santos Lopes, Márcia Cristina de Brito Rumeu | Abstract | Full Text | Abstract :Este artigo expõe encaminhamentos metodológicos conduzidos por dois modelos de análise piloto responsáveis não só por auxiliar o processo de reconstrução do perfi l sociocultural do redator com base em traços linguísticos da missiva histórica, mas também por evidenciar, através de vestígios gráfi cos, o grau de letramento de missivistas de sincronias passadas. Assim sendo, argumentamos, num primeiro momento, sobre a relevância de o linguista-pesquisador atentar para as informações relacionadas aos perfi s socioculturais que se mostram circunscritas ao próprio documento, cotejando-as com informações arquivísticas e enciclopédicas acerca de redatores socialmente conhecidos. Num segundo momento, buscamos expor através das potencialidades da ferramenta computacional de edição (Programa E-dictor), traços dos graus de letramento de missivistas socialmente desconhecidos. Com base nessa proposta de análise piloto de traços gráfi cos e grafo-fonéticos em manuscritos históricos, constatamos se tratar de informantes dotados de um baixo grau de letramento, considerando as sistemáticas evidências de hipossegmentações e hipersegmentações não só em contextos de formas presas, mas também em ambiências de fronteiras silábicas. |
| Engenho e arte na autoria do modelo gramatical de setecentos: a arte, atríbuida a Antônio José dos Reis Lobato | Author : Luiz Palladino Netto | Abstract | Full Text | Abstract :O presente estudo diz respeito à historiografi a do português setecentista. Focaliza, em especial, a querela autoral da Arte da Grammatica, 1770, modelo ofi cial da norma linguística do tempo, atribuída a Antônio José dos Reis Lobato. Discute-se a possibilidade de Lobato ser um pseudônimo, tendo em vista o cotejo com uma obra de autoria do Pe. Antônio Pereira Figueiredo, voz intelectual do ideólogo do regime, o Marquês de Pombal. Esta é a problemática interna proposta nesta aborgagem. Por outro lado, considerando uma problemática externa, o contexto históricosocial da segunda metade do século XVIII em Portugal (e suas vicissitudes) é abordado a fim de dimensionar seu impacto sobre a publicação/circulação da Arte. |
| Os estudos prosódicos no atlas linguístico do Brasil | Author : Cláudia de Souza Cunha | Abstract | Full Text | Abstract :O presente artigo tem como propósito dar notícia dos estudos prosódicos que vem sendo desenvolvidos no âmbito do Projeto Atlas Linguístico do Brasil e que geraram, inclusive, as duas cartas de prosódia do Volume 2 do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Como base teórica, empregou-se a fonologia prosódica (NESPOR e VOGEL, 1986) para delimitar a unidade de estudo e a fonologia entoacional (PIERREHUMBERT, 1980) para a interpretação fonológica dos dados. Fez-se uso do aparato metodológico oferecido pela fonética experimental para a fase de análise acústica, empregando-se como instrumento computacional o programa PRAAT. Três estudos que observam a entoação regional tiveram por foco o falar das capitais documentadas pelo Projeto ALiB: o estudo de Silva (2011) revelou três diferentes padrões prosódicos para os enunciados interrogativos totais (do tipo Você vai sair hoje?); o estudo de Silvestre (2012) revelou 5 diferentes padrões prosódicos para os enunciados assertivos (do tipo Você vai sair hoje.); e o estudo de Cunha et al (2016) revelou dois padrões distintos para os enunciados imperativos (do tipo Você vai sair hoje!). Os resultados apontam a existência de algumas áreas cujo comportamento prosódico tende a ser coincidente, como uma faixa ao Nordeste do país, marcada pela presença de um contorno H*__ H+L*L% nos enunciados assertivos, em que se percebe uma proeminência do acento prenuclear, e de um contorno L+H*__ L+H*H% nas interrogativas totais neutras, em que o acento nuclear, ao contrário do que se revela como padrão no país, termina com um tom alto. |
| O ensino de Língua Portuguesa no Brasil na primeira metade do século XX: a construção de corpus metalinguístico de gramáticas escolares | Author : Afrânio Gonçalves Barbosa, José Carlos Santos de Azeredo | Abstract | Full Text | Abstract :Este artigo pretende discutir questões e critérios em torno da formação de corpora gramaticais escolares para o estudo da normatização no ensino de língua portuguesa no Brasil na primeira metade do século XX. Para tanto apresentamos uma sistematização de títulos de obras gramaticais assumidas no programa do Colégio Pedro II de 1856-1929 e de nomes de professores de língua portuguesa no Colégio Militar do Rio de Janeiro. Trazemos, fi nalmente, considerações metodológicas sobre a pesquisa de campo em arquivos históricos para a identifi cação de obras dessa natureza. |
| A variação na interlocução: como traduzir? | Author : Sônia Netto Salomão | Abstract | Full Text | Abstract :O estudo tem como objetivo comprovar quanto o conhecimento histórico da língua seja imprescindível no âmbito da tradução, tomando como exemplo alguns casos de alocução, principalmente em variação diacrônica: as variantes em relação ao quadro pronominal da segunda pessoa, no que foi chamado de mistura de tratamento entre o você e o tu. São igualmente
examinados outros usos típicos dos pronomes de tratamento do século XIX, ao colocarem a questão pragmática da reciprocidade e da hierarquia, ou ainda de formas hoje em desuso. Os textos estudados são de Machado de Assis: o Quincas Borba, romance de 1891, e o Teoria do Medalhão, conto de 1882. No estudo tratamos de um aspecto importante até agora não examinado metodologicamente: o relativo à não coincidência entre o período de publicação da obra e a sua tradução. Que fazer? Seguir uma perspectiva de respeito pelos códigos linguísticos e culturais do original, historicizando a tradução, ou adotar uma posição modernizante? Em relação ao texto machadiano, estamos considerando uma perspectiva funcional e pragmática da língua literária, que situa o texto literário no âmbito da recriação de um processo de comunicação (STEGER, 1982). A nossa proposta leva em consideração estudos de semiótica da Escola de Tartu (TOROP, 1995), e estudos sobre aspectos de variação diacrônica e sociopragmática. Os resultados obtidos são relativos à avaliação que o tradutor deve realizar diante de um corpus representativo do estado da língua (também a literária) no século XIX, levando em consideração aspectos de linguística histórica, de estilística e de variação. |
| Sobre formas de tratamento no Português Europeu e Brasileiro | Author : Maria Fernanda Bacelar do Nascimento, Eugênia Duarte, Amália Mendes | Abstract | Full Text | Abstract :Este artigo tem por objetivo apresentar uma comparação entre as formas de tratamento usadas no português europeu e brasileiro. Mostramos que naquela variedade o sistema é bem mais complexo devido (i) a uma distribuição complementar entre tu e você segundo o tipo de relação entre os interlocutores; (ii) a uma variedade maior de formas nominais para o tratamento entre
íntimos e não íntimos. Quanto ao português brasileiro, os dois pronomes não se encontram em distribuição complementar. O uso de você é atestado numa grande área central do país, enquanto em outras regiões tu e você convivem, com o predomínio de uma ou outra forma, que, em geral, são usadas como variantes. |
| A percepção de valores pragmáticos na entoação de sentenças imperativas no Português Brasileiro: um estudo experimental | Author : Luma da Silva Miranda, João Antônio de Moraes | Abstract | Full Text | Abstract :Es te artigo apresenta os resultados de um estudo perceptivo sobre a entoação de sentenças imperativas no português brasileiro produzidas com os seguintes valores pragmáticos: ordem, desafio, pedido e sugestão. A sentença imperativa Conversa com ele foi gravada, com essas quatro intenções ilocutórias, por quatro sujeitos, dois homens e duas mulheres. Os contornos entonacionais produzidos foram analisados segundo a abordagem do modelo IPO, um modelo
perceptivo de descrição da entoação que propõe dois métodos de estilização da curva de frequência fundamental: a estilização close copy e a estandardização dos movimentos melódicos pautada na equivalência perceptiva. Por meio do uso do software Praat, contornos melódicos ressintetizados foram criados para, posteriormente, um grupo de 20 juízes julgarem a sua aceitabilidade em um teste de percepção. Os resultados do teste de percepção indicaram a relevância
perceptiva de características fonéticas dos movimentos melódicos que atuam na identificação do valor funcional dos contornos entonacionais manipulados. A variável direção do movimento melódico foi relevante para o reconhecimento da ordem, e, especialmente, para o do desafio e do pedido; a extensão do movimento revelou-se essencial para a caracterização do contorno de desafio; a variável alinhamento do pico de F0, para os contornos do pedido e da sugestão; por fim, a variável campo tonal, para o contorno da ordem. |
| ALiB: a database of spoken language for mapping linguistic variation in Brazilian Portuguese | Author : Josane Moreira de Oliveira, Jacyra Andrade Mota, Suzana Alice Marcelino Cardoso | Abstract | Full Text | Abstract :O Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) objetiva descrever e analisar o português brasileiro, documentando aspectos de diferentes níveis linguísticos. Usando uma metodologia multidimensional, o ALiB investiga a realidade linguística de 250 localidades, distribuídas por 26 Estados brasileiros. Aí estão incluídas todas as capitais – com exceção de Palmas (TO) e Brasília (DF), pois são cidades de fundação recente que ainda não têm falantes da segunda faixa etária contemplada no Projeto com pais nascidos na mesma cidade. Além da variável diatópica, o ALiB considera outras variáveis sociais, tais como sexo, idade e nível de escolaridade. O corpus foi constituído a partir de entrevistas com 1.100 informantes, estratifi cados por sexo, faixa etária e nível de escolaridade, totalizando, aproximadamente, 3.300 horas de gravação. Neste artigo, apresentamos nosso modelo de coleta de dados e análise, esta exemplificada pela variação fonética entre [ti] / [di] (variantes estigmatizadas) ~ [t?i] / [?i] (variantes standard) (tia, parte; dia, desde) no português brasileiro. O estudo considerou variáveis linguísticas e sociais que podem condicionar a realização dento-alveolar ou palatalizada de /ti/, /di/. Os dados foram analisados de acordo com o quadro teórico-metodológico da Sociolinguística Quantitativa, usando o pacote estatístico GoldVarb X. Nossos resultados mostram que a realização dento-alveolar ou palatalizada desses fonemas é condicionada geograficamente, além de aí atuarem também outras variáveis. |
| Sobre o processo de apagamento do rótico em coda silábica: diversidade regional | Author : Aline de Jesus Farias Oliveira, Vitor Gabriel Caldas, Carolina Ribeiro Serra | Abstract | Full Text | Abstract :Neste artigo, focalizamos o apagamento variável do rótico em posição de coda silábica, em duas cidades da região Nordeste do Brasil – Teresina e João Pessoa –, nas variedades culta e popular. Partimos de amostras do corpus do Projeto ALiB, composto por dados de fala espontânea de 16 indivíduos distribuídos por nível de escolaridade, região (João Pessoa e Teresina), faixa etária (de 18 a 30 anos e de 50 a 65 anos) e sexo. Nossa análise se baseia no aparato teórico-metodológico da sociolinguística quantitativa laboviana e tem por objetivo mostrar que, em dialetos do Nordeste brasileiro, o processo de apagamento do R, em coda silábica fi nal, já se encontra quase concluído e atinge, com frequência signifi cativa, a coda silábica medial. Além disso, buscamos aprofundar as hipóteses relativas à possibilidade de cada variante do R representar um passo na escala ordenada de enfraquecimento e estar relacionada ao tipo de realização do rótico: vibrante ou fricativa, anterior ou posterior. Assumimos que a preservação do segmento se dá preferencialmente nos dialetos em que o segmento mantém o caráter de vibrante ápico-alveolar. Partimos, assim, das hipóteses de (i) o processo ser gradiente e atingir principalmente as cidades do Nordeste, devido à norma de pronúncia do rótico; (ii) os falantes da região Nordeste do país já não inibirem o processo de cancelamento em fronteira interna à palavra, em contraposição a outras regiões, como Sudeste e Sul e (iii) haver um maior índice de cancelamento do R nos falantes de nível mais baixo de escolaridade, tratando-se de uma mudança de baixo para cima, em termos labovianos. |
| O rótico em coda silábica final na região Sul do Brasil: variação e mudança no Corpus do ALiB | Author : Ingrid da Costa Oliveira, Mayra Santana, Karilene da Silva Xavier, Carolina Ribeiro Serra | Abstract | Full Text | Abstract :Neste artigo, estudamos o processo de variação do rótico, em coda silábica externa (viajaR, cantoR), em três capitais do Sul do Brasil – Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba – e seis municípios do interior dos Estados dessa região: Santa Maria, Caçapava do Sul, Lages, Criciúma, Guarapuava e Campo Mourão. Os dados foram extraídos de amostras de fala espontânea dos inquéritos do Projeto ALiB, gravados em áudio nos anos 2000. Trata-se de um estudo variacionista, que tem por fi nalidade: 1) analisar a diversidade de pronúncia do /r/ e o avanço do apagamento em coda fi nal e 2) verifi car a atuação de fatores linguísticos e sociais favorecedores do cancelamento. Para alcançar esses objetivos, utilizamos o aparato teórico-metodológico da Sociolinguística Quantitativa Laboviana (LABOV, 1994). Foram selecionados oito informantes
(quatro com nível superior de escolaridade e quatro com nível fundamental) de cada capital e quatro (com grau mais baixo de escolaridade) de cada município do interior. Os resultados gerais, quanto às capitais, mostram que: 1) o maior percentual de apagamento ocorre em Florianópolis; 2) há prevalência do tepe nos verbos e a mesma variante prepondera em Curitiba e Porto Alegre em não verbos, enquanto em Florianópolis sobressai a fricativa velar nesta categoria; 3) o apagamento é semicategórico nos verbos com os percentuais de 87%, em Curitiba; 94%, em Florianópolis e 86%, em Porto Alegre; 4) na categoria dos não verbos, o processo de mudança se encontra em fase bastante inicial, em Curitiba (5%) e Porto Alegre (7%), e mais avançado em Florianópolis (41%). Os resultados gerais obtidos no interior, por outro lado, apontam 1) altos índices de apagamento em verbos, em todos os municípios – Santa Maria (95%), Caçapava do Sul (89%), Criciúma (97%), Lages (87%), Campo Mourão (90%) e Guarapuava (94%); 2) em contraste com uma baixa frequência em não verbos – 16%, 8%, 22%, 6%, 3% e 11%, respectivamente; 3) a aproximante retroflexa e o tepe foram as realizações fonéticas mais frequentes em verbos e não verbos. |
| Apagamento de R em coda externa em duas variedades africanas do português | Author : Silvia Figueiredo Brandão | Abstract | Full Text | Abstract :Focaliza-se o apagamento dos róticos nas variedades urbanas do Português de São Tomé (PST) e do Português de Moçambique (PM) à luz dos princípios teórico-metodológicos da Teoria da Variação e Mudança. Objetiva-se discutir os fatores estruturais e sociais que condicionam a queda do R em coda externa. Realizaram-se análises controlando variáveis estruturais e também as variáveis sexo, faixa etária e nível de escolaridade, frequência de uso de um crioulo (esta em relação ao PST), status do Português (L1 ou L2) e línguas faladas pelo informante (em relação ao PM), as três últimas com o propósito de verificar possíveis influências das línguas locais, devido à situação multilinguística nessas áreas. Os resultados das análises demonstram que a queda do R no PST é mais frequente do que no PM e que as variáveis sociais se mostraram muito salientes para a definição desse quadro. |
| Uso(s) de conectores: uma abordagem funcional-discursiva | Author : Violeta Virgínia Rodrigues | Abstract | Full Text | Abstract :Neste artigo, adotando a proposta funcionalista, parto da premissa de que as orações subordinadas adverbiais são casos de hipotaxe e não de subordinação. Considero, ainda, que tais estruturas são introduzidas por conectores. Abordarei apenas as hipotáticas comparativas, condicionais, concessivas, modais, consecutivas, fi nais e alguns de seus introdutores. Justifi co tal opção por terem sido estas estruturas objeto de pesquisa de trabalhos desenvolvidos por mim, ou de que participei ou, ainda, que orientei no mestrado ou doutorado, cujos resultados me permitem traçar um panorama acerca do quadro de conectores mais prototípicos em uso no Português em cada uma delas. Por isso, os corpora são assistemáticos bem como o tratamento dos dados em que me pauto. Minha hipótese é a de que os conectores mais frequentes são os mais prototípicos, conforme já postulou Taylor (1992), e de que as inovações de uso atendem às necessidades informativas/interacionais do falante/escrevente. Os resultados demonstram que as inovações de uso constituem, na verdade, empregos de conectores já existentes na língua e que estão se comportando de forma diferente no cotexto e contexto em que se manifestam (cf. DAHLET, 2006), ratifi cando a infl uência da gramaticalização na formação e explicação/compreensão do quadro dos conectores do Português e sua polifuncionalidade (cf. CALLOU et alii, 1996; BARRETO, 1999; RODRIGUES, 1999). |
| Nós e a gente em quatro amostras do Português Brasileiro: revisitando a escala da saliência fônica | Author : Maria Marta Pereira Scherre, Anthony Julius Naro, Lilian Coutinho Yacovenco | Abstract | Full Text | Abstract :Sob a perspectiva da Sociolinguística Variacionista, analisamos três construções com a primeira pessoa plural: padrão antigo – nós com -mos (nós moramos); não padrão – nós sem -mos (nós mora); padrão emergente – a gente sem -mos (a gente morou/a gente mora). Os dados analisados são de quatro amostras do português brasileiro – Santa Leopoldina-ES, Baixada Cuiabana -MT, Goiás e Vitória-ES – e foram analisados em oposições binárias e ternárias, por programas estatísticos da série Varbrul. Os resultados indicam que a restrição mais importante é o grau de facilidade da percepção da diferença entre formas com e sem o morfema -mos, conhecida como saliência fônica: quanto maior a saliência fônica, mais a possibilidade de usar a forma com -mos. Uma vez que as formas do pretérito tendem a ocupar altos níveis de saliência, há distribuição parcialmente sobreposta entre tempo e saliência. Para a terceira pessoa plural, pesquisas anteriores mostram que a saliência é um preditor melhor do que tempo. Para a primeira pessoa plural, a distribuição sobreposta tende a conduzir, em alguns contextos estruturais e sociais, a uma reanálise de tal forma que o morfema -mos é usado preferencialmente para marcar pretérito perfeito. Isto resolve a ambiguidade entre presente e pretérito nos casos padrão de nós com -mos (nós moramos, preferencialmente pretérito) e não padrão nós sem -mos (nós mora, presente). Como parte de um fl uxo de padronização, a construção nominal a gente, do substantivo latino singular gens gentis ‘tribo’, é inserida no sistema pronominal como primeira pessoa do plural. Isto cria um padrão emergente, a gente sem -mos. Estas questões nos levaram a (1) propor uma hierarquia da saliência levemente modifi cada, denominada de hierarquia da proeminência, (2) discutir análises binárias e ternárias e (3) concluir que processos diacrônicos de séculos passados emergem da análise sincrônica de dados hoje disponíveis. |
| A variação no uso do pronome reflexivo no Português Afro-brasileiro como resultado de mudanças induzidas pelo contato entre línguas no passado | Author : Dante Eustaquio Lucchesi Ramacciotti, Jurgen Alves de Souza | Abstract | Full Text | Abstract :O artigo analisa o efeito do contato entre línguas na realização dos pronomes reflexivos na fala de comunidades rurais formadas predominantemente por descendentes diretos de africanos trazidos para o Brasil como escravos. O processo de nativização da variedade de segunda língua falada por milhões de africanos escravizados e índios aculturados não teve a intensidade dos processos típicos de crioulização, mas desencadeou mudanças no sentido da simplificação morfológica que caracteriza o português popular em oposição ao português da elite letrada brasileira, atualmente. Desse processo resultou uma redução no uso dos pronomes reflexivos na constituição histórica da variedade de português analisada, o português afro-brasileiro, que, em princípio, deve exibir os efeitos mais notáveis do contato entre línguas, entre as variedades
atuais do português no Brasil. A verifi cação empírica dessa hipótese foi feita com base em uma análise sociolinguística da fala vernácula de quatro comunidades rurais afro-brasileiras isoladas do interior do Estado da Bahia na atualidade. A análise em tempo aparente das variáveis sociais apontou para uma mudança em progresso no sentido do aumento do uso dos pronomes refl exivos nas comunidades estudadas. Essa mudança se enquadra no nivelamento linguístico previsto na visão da polarização sociolinguística do Brasil, no qual os modelos urbanos de prestígio são difundidos para todos os estratos sociais em todas as regiões do país. Esses resultados confi rmaram a hipótese inicial, com base na interpretação de que a redução no uso dos pronomes refl exivos provocada pelo contato entre línguas no passado estaria sendo revertida agora por influências externas às comunidades de fala analisadas. |
| Plural de nomes no Português Brasileiro: variação, indivíduo, escolaridade e o papel do léxico | Author : Christina Abreu Gomes, Thiago Lucius Alvarez Amaral, Lidia Oliveira do Prado | Abstract | Full Text | Abstract :Esse artigo trata da expressão do plural em nominais no PB em palavras terminadas em ditongo oral decrescente, como em chap[??? s] ~ chap[??? s] e pap[??? s] ~ pap[??? s], observando o indivíduo, a escolaridade e o papel do léxico. O estudo adota as hipóteses da variação como representações baseadas em exemplares. Especificamente, adota a hipótese de que diferentes experiências com a língua podem levar a diferentes inferências de padrões no léxico. Os dados foram obtidos através de dois testes de produção elicitada de formas de plural, um contendo pseudopalavras e outro com palavras do PB de baixa frequência de ocorrência, aplicados a 55 indivíduos distribuídos em dois níveis de escolaridade. Os resultados mostraram a alternância entre as duas formas nos dois testes, com predominância do plural -is no teste de palavras do PB, resultado semelhante aos de outros estudos, evidenciando a importância da alta frequência desse tipo de plural na língua para as palavras terminadas em ditongo oral decrescente. Os resultados também mostraram uma grande variabilidade entre os indivíduos, indicando que, embora o mecanismo cognitivo de inferência e atribuição de padrões sejam os mesmos para todos os falantes, a base para a inferência, a constituição do léxico, pode ser diferente entre os falantes, porque está relacionada com a experiência sociolinguística do falante com a língua. Os resultados para os diferentes níveis de escolaridade mostraram que, no teste de pseudopalavras, os participantes do grupo de Educação para Jovens e Adultos tenderam a usar a forma regular de plural na produção elicitada do teste de pseudopalavras, e, no teste do PB, foram os que tenderam a realizar menos o padrão de plural -is. Observa-se que falantes com mais escolaridade, isto é, com mais experiência com formas de plural padrão, foram os que tenderam a produzir formas de plural com -is, o tipo mais frequente. |
| Forma locativa + sintagma preposicional locativo: análise da fala culta nas duas variedades do português | Author : Elaine Marques Thomé Viegas | Abstract | Full Text | Abstract :O artigo trata da ocorrência de locativo à esquerda do sintagma preposicional locativo, em amostras de fala culta da cidade do Rio de Janeiro, nas décadas de 1970 e de 1990, com base nos pressupostos da sociolinguística variacionista laboviana (LABOV, 1972; 1994), para um estudo em tempo real de curta duração (tendência e painel). Fundamentada em generalizações intuitivas, a hipótese sugerida é a de que o uso do locativo está relacionado à presença de elemento morfológico [+defi nido] no sintagma preposicional. A análise variacionista aponta que o uso dos locativos parece estar prioritariamente relacionado a duas variáveis independentes: o tipo de termo locativo contido no sintagma preposicional e o tipo de preposição introdutora do sintagma preposicional locativo. Ao contrário do previsto na análise introspectiva, foram registradas ocorrências de sintagma preposicional locativo introduzido pela preposição a e antecedidas por locativo, além de locativo sem categoria morfológica junto à preposição. O estudo de tendência e de painel revela que a comunidade pode ser considerada instável e o indivíduo estável, admitindo a hipótese de uma mudança geracional. Também são recolhidos dados de fala da cidade de Lisboa; todavia, não foi possível executar um estudo de painel devido à incompletude da amostra. As duas variedades da língua portuguesa são confrontadas apenas em termos percentuais. O fenômeno é pouco frequente em língua portuguesa e parece estar restrito à fala. |
| Variação, mudança, letramento e tecnologia | Author : Maria Cecília Mollica, Daillane Avelar, Hadinei Batista | Abstract | Full Text | Abstract :O artigo analisa o efeito do letramento e da tecnologia na mudança linguística. A variável dependente em análise são as anáforas pronominais em construções relativas em diferentes funções sintáticas. A análise se volta para dados de amostras do PEUL, para estruturas encontradas na mídia televisiva e nas produções textuais de escolares. As variáveis independentes consideradas são sexo, escolaridade, idade, distância, traços semânticos pronome que encabeça a relativa. Os resultados apontam para a tendência de a cópia ser prevalente na função de sujeito com valor de tópico como estratégia de focalização e, assim, confi rma a trajetória das cortadoras no PB. Testes com ferramenta tecnológica não comprovam a percepção dos falantes com relação às construções, embora haja algum impacto do letramento formal que concorre para empregos de construções e de estilos monitorados, retraindo a mudança no sentido contrário ao curso natural que vem tomando no português do Brasil. |
| Uma breve incursão pelos domínios de Callou: a melodia da frase, a sintaxe e o discurso | Author : Vera Lúcia Paredes Pereira da Silva, Eliaine de Morais Belford Gomes | Abstract | Full Text | Abstract :Este artigo tem por objetivo apresentar resultados recentes sobre a investigação da estrutura [SN + Pronome Anafórico + Verbo], no Português Brasileiro, como se verifi ca em: “Esse material teórico ele vai subsidiar também as discussões...”, na qual um pronome anafórico (ele) aparece, retomando o SN (esse material teórico). A pesquisa investigou a modalidade oral, através da análise de um corpus produzido em situações reais de uso e constituído por vídeos do site www.youtube.com, a partir do ano de 2010. Recorrendo a princípios da Linguística Funcional e da Sociolinguística Variacionista, foi investigada a ocorrência dessa estrutura em três gêneros discursivo-textuais: sermões religiosos, entrevistas televisivas e aulas expositivas. De um modo geral, os resultados apontaram a ocorrência do pronome anafórico sendo favorecida por motivações discursivo-funcionais. Damos destaque a três dessas motivações: a presença de material interveniente entre SN e Verbo, a mudança de função sintática e o traço de animacidade. Além da análise desses contextos linguísticos, foi feita, também, uma breve comparação de aspectos prosódicos das formas variantes, em que se verifi cou a presença de movimentos melódicos que permitem diferenciar uma estrutura da outra. Tecemos algumas comparações com o trabalho de Callou et alii, que foi pioneiro na análise prosódica da estrutura em análise. |
| Construções de tópico pendente com retomada na escrita culta brasileira: sujeito preenchido x sujeito nulo | Author : Mônica Tavares Orsini, Carolina da Silva Alves, Carolina de Fátima Gil da Silva | Abstract | Full Text | Abstract :Este artigo analisa as construções de tópico-comentário em que o tópico é introduzido por uma locução prepositiva como, por exemplo, quanto a, ou equivalente, que estamos aqui tratando sob o rótulo de tópico pendente. Nosso objetivo é analisar essas construções, observando a forma como se dá sua retomada em função de sujeito na sentença-comentário, com base em dados
de escrita culta brasileira, a fim de (i) verificar a realização do sujeito correferencial, que pode ser um pronome expresso ou uma categoria vazia; (ii) descrever as características linguísticas e semântico-discursivas do elemento nominal do tópico e sua retomada na posição sintática de sujeito, por uma categoria ou um pronome expresso, comportamento que decorre da preferência do brasileiro por preencher sujeitos referenciais. A amostra cons titui-se de 1.456 textos publicados nos jornais O Globo e Folha de São Paulo, no interstício 2009-2015, contemplando cinco gêneros textuais distintos: editorial, artigo de opinião, reportagem, crônica e carta de leitor. A pesquisa fundamenta-se nos pressupostos da Teoria de Princípios e Parâmetros (cf. CHOMSKY, 1981) e segue a metodologia da Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH, LABOV e HERZOG, 2006[1968]). Embora o número de dados seja pequeno, os resultados apontam que, na escrita culta brasileira, o sujeito preenchido, nesta estratégia de tópico marcado, é preferencialmente um pronome nominativo de terceira pessoa, encontra-se adjacente, do ponto de vista sintático, ao tópico e reúne os traços semânticos [- animado] e [+ específico]. |
| Pre-verbal position in BP: a reinterpretation of the "avoid pronoun principle" | Author : Mary Aizawa Kato, Eugênia Duarte | Abstract | Full Text | Abstract :The aim of this paper is to analyze the changes occurring in Brazilian Portuguese, regarding the possibility of null subjects, and suggest the kinds of constraints that explain its present distribution. In this paper, we will propose that the null subject parameter is defi ned at the interfaces. At the level of Logical Form, a constraint like Chomsky’s (1981) Avoid Pronoun will be at work for languages that are prototypical null subject languages, like Spanish and Chinese. For languages like BP, a system with a particular distribution of null subjects, the constraint will be more specifi c: Avoid non-referential pronouns. We will also propose that at the other interface, the Phonetic Form, languages have fi lters regarding their rhythm. To account for the preference for certain forms, a constraint of the form: Avoid V1 will be proposed. This constraint has
nothing to do with an XP constituent in Spec of C, like in V2 languages, but with a phonetic requirement. This means that the initial element can be a head or an XP. |
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