Apresentação | Author : Danielle Kely Gomes, Eliete Figueira Batista da Silveira | Abstract | Full Text | |
| Um olhar variacionista sobre o apagamento da dental /d/ no morfema de gerúndio em Alagoas e Piauí a partir de dados do ALiB | Author : Cassio Murilio Alves de Lavor, Aluiza Alves de Araújo, Rakel Beserra de Macedo Viana | Abstract | Full Text | Abstract :Esta pesquisa trata do apagamento de /d/ no morfema de gerúndio “ndo”, como em dormindo ~ dormino, remando ~ remano, botando ~ botano, a partir de dados do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) sob o prisma da Sociolinguística Variacionista. O objetivo desta pesquisa é verificar a atuação de fatores extralinguísticos (sexo, faixa etária, localidade e tipo de questionário) e um fator linguístico (vogal temática) sobre a regra. Para este trabalho, selecionamos 36 informantes (20 de Alagoas e 16 do Piauí), estratificados de acordo com o sexo (masculino e feminino), a faixa etária (I - 18 a 30 anos e II - 45 a 60 anos) e a localidade (Arapiraca, Maceió, Santana do Ipanema, União dos Palmares, Canto do Buriti, Corrente, Picos, Piripiri, Teresina). O programa Goldvarb X selecionou as variáveis sexo e tipo de discurso como relevantes para o estado do Piauí e as variáveis sexo, faixa etária e tipo de discurso como importantes para o estado de Alagoas. Os dois estados pesquisados comportaram-se como antagonistas no apagamento de /d/ no morfema de gerúndio. |
| Sobre variação, mudança e representação da coda (r) na comunidade de fala do Rio de Janeiro | Author : Marcelo Alexandre Silva Lopes de Melo, Christina Abreu Gomes | Abstract | Full Text | Abstract :Este trabalho aborda questões de variação, mudança e representação da coda (r) medial e final de não-verbos na comunidade de fala do Rio de Janeiro através da comparação do comportamento de dois grupos sociais: a) adolescentes moradores de favelas que diferem em termos de integração social (amostras EJLA e Fiocruz); b) grupo de falantes da classe média-média e média-baixa (subgrupo da amostra Censo 2000). Os resultados serão interpretados à luz dos Modelos Baseados no Uso, os quais propõem a variação sonora está representada no léxico do falante (GOMES e SILVA, 2004, FOULKES e DOCHERTY, 2006). O envelope da variação considerou a realização e não-realização da coda. Os resultados revelam que a variação da coda (r) nas duas posições da coda na palavra, medial e final, diferem em relação aos condicionamentos, etapa da mudança e representação. O estudo também contribui para ampliar a conhecimento da dinâmica sociolinguística da comunidade de fala do Rio de Janeiro ao incluir segmentos sociais normalmente não mapeados nas amostras de fala espontânea. |
| Estudo acústico dos róticos no Português Tocantinense: contribuições a partir da Teoria dos Exemplares | Author : Carine Haupt | Abstract | Full Text | Abstract :Este trabalho tem como objeto de estudo os róticos no falar tocantinense, a partir de dados de dois falantes da cidade de Porto Nacional. Tem como enfoque o estudo acústico as realizações do r forte em posição intervocálica e em início de palavra e do r fraco intervocálico. Os objetivos da pesquisa são averiguar como são produzidos os róticos nesses contextos na referida cidade e, em consequência, contribuir para a descrição das variedades do Português Brasileiro e trazer dados para a discussão do status fonológico dos róticos. Coletamos dados de dois informantes, um masculino e outro feminino, com nível superior em curso, a partir da leitura de frases e de uma entrevista semi-dirigida. Como aporte teórico, pautamo-nos na Teoria dos Exemplares para explicar como se dá a variação da produção dos róticos. As análises mostraram variação na produção tanto do r fraco quanto do r forte: para o r fraco encontramos pronúncias de tepe e tepe aproximante alveolar, com maior incidência de aproximantes nos dados de fala espontânea; para o r forte, encontramos formas velares e glotais, com predomínio das últimas. Encontramos também gradiência na produção, o que evidencia que os fenômenos não são categóricos. Em termos de Teoria de Exemplares, concluímos que as formas variantes estão disponíveis nas representações dos falantes investigados, com variantes centrais para cada contexto fonológico: a glotal para o r forte e o tepe para o r fraco. |
| Relações entre características acústico-articulatórias de vogais antes de e sua ditongação variável em cidades baianas | Author : Amanda dos Reis Silva, Jacyra Andrade Mota | Abstract | Full Text | Abstract :Busca-se, neste trabalho, apontar relações entre características acústico-articulatórias de vogais diante de "S" e a sua ditongação variável. Esse fenômeno será observado a partir de realizações dos vocábulos LUZ, ARROZ, DEZ, TRÊZ, VOZ e PAZ, obtidas da aplicação do Questionário Fonético-Fonológico do Projeto Atlas Linguístico do Brasil. Parte-se da fala de dez informantes nativas de cinco cidades baianas (Salvador, Caravelas, Euclides da Cunha, Vitória da Conquista e Barra). Esse tipo de ditongação não somente particulariza o Português Brasileiro em face do Português Europeu (LEITE DE VASCONCELOS, 1970 [1901]; CÂMARA JR, 2009 [1956]; SILVA NETO, 1963; NOLL (2008) etc.), mas também caracteriza variedades da língua portuguesa falada no Brasil, conforme demonstra Silva (2014), a partir de dados das capitais brasileiras. Ressalta-se que os condicionamentos de natureza extra e intralinguísticas, para esse processo, não são suficientemente conhecidos. Mediante o estudo com as capitais (SILVA, 2014), todavia, hipotetizou-se que vogais mais abertas e mais longas seriam mais suscetíveis a esse processo, tomando por base a organização das sílabas, com relação ao grau de sonoridade e força dos segmentos (HOOPER, 1976; FOLLEY, 2009; CLEMENTS E HUME, 1996). As características dessas vogais oscilariam no eixo diatópico, garantindo, assim, a distribuição diferenciada das vogais ditongadas. De uma análise variacionista, com os dados da Bahia, verificou-se que: (i) cidades como Salvador e Santo Amaro, cujas formações históricas são semelhantes, destacam-se quanto à ditongação diante de "S"; (ii) vogais mais baixas/ abertas são mais suscetíveis à ditongação. Com o auxílio do programa PRAAT (BOERSMA; WENICK, 2018), verificaram-se, então, os valores para F1, F2 e duração dos segmentos investigados. De modo geral, viu-se que vogais mais baixas e mais longas ditongam mais. |
| Ditongação variável diante de /S/ em coda silábica na fronteira Brasil/Paraguai | Author : Valeska Gracioso Carlos, Márcia Cristina do Carmo | Abstract | Full Text | Abstract :Este trabalho objetiva analisar a ditongação diante de /S/ em coda silábica em vocábulos como paz, três, dez e cruz. A pesquisa foi realizada na fronteira entre o estado do Paraná-Brasil e departamento de Alto Paraná-Paraguai, buscando apurar a interinfluência da variedade linguística de migrantes do Sul do Brasil (variante sulista), contrastando com os que vieram das outras regiões, como Sudeste e Nordeste (variante nortista). O estudo segue os pressupostos teóricos da Dialetologia Pluridimensional e Relacional, que busca aliar a variação diatópica (horizontal) com a variação diastrática (vertical), convertendo o estudo tradicional da superfície bidimensional em estudo do espaço tridimensional da variação linguística (RADTKE; THUN, 1996; THUN, 1998; 2000; 2009; 2010). Os dados foram coletados por meio de entrevista in loco, com informantes brasileiros e paraguaios, totalizando 40 gravações. Para a seleção dos informantes; consideramos as dimensões diassexual, diastrática, diageracional, diatópico-cinética e dialingual. Os resultados foram cartografados em cartas linguísticas pluridimensionais, as quais nos revelaram que as variantes utilizadas pelos entrevistados estão diretamente relacionadas às recentes migrações e ao povoamento das cidades de pesquisa. Verificamos que a ocorrência de ditongação nos monossílabos com sibilantes é característica mais acentuada do falar nortista, enquanto que, no falar sulista, está pouco presente. |
| O efeito de fatores sociais sobre restrições linguísticas na análise fonológica de um processo variável | Author : Athany Gutierres, Elisa Battisti, Adalberto Ayjara Dornelles Filho | Abstract | Full Text | Abstract :Este trabalho inspira-se em Coetzee (2016) para realizar análise fonológica da palatalização regressiva de /t, d/ numa variedade de português brasileiro (rotina~ro[?]ina, medida~me[?]ida, parte~par[?i], onde~on[?i]) de contato com falares dialetais italianos. Como Coetzee (2016), assume-se que fatores linguísticos e não linguísticos atuam na variação fonológica: os primeiros são implementados como restrições gramaticais e os segundos têm efeito sobre os pesos das restrições. Objetiva-se (a) aplicar os fundamentos de Coetzee (2016) ao exame de um padrão variável captado por análise de regra variável (LABOV, 1972), e (b) analisá-lo com o ORTO - Ajuste Paramétrico (DORNELLES FILHO, 2014), algoritmo que processa a gramática com variação. Os dados vêm de Battisti et. al. (2007) e os padrões de aplicação da regra variável, de Battisti e Dornelles Filho (2009, 2010). Neste estudo, controla-se o efeito do fator social Local de Residência (zona rural ou zona urbana) sobre o peso das restrições gramaticais. Mostra-se que, nos indivíduos cuja fala conforma-se ao padrão 1, sem palatalização em qualquer contexto, Local de Residência tem efeito sobre a restrição *t[i], satisfeita com a palatalização da oclusiva alveolar desvozeada por vogal anterior alta derivada (parte~par[?i]). Já na fala dos indivíduos que seguem o padrão 3 (palatalização apenas por vogal alta não derivada), o fator afeta os pesos de ambas as restrições referentes ao contexto de palatalização por vogal anterior alta derivada, *t[i] e *d[i]. A análise consegue esclarecer não só o papel de Local de Residência na gramática da palatalização em Antônio Prado, como explicitar o efeito da elevação variável da vogal média átona anterior, que alimenta o processo, num padrão de variação na mudança linguística em progresso. |
| Produção e Percepção: o processo de palatalização em jogo | Author : Dermeval da Hora, Pedro Felipe de Lima Henrique, André Wesley Dantas de Amorim | Abstract | Full Text | Abstract :No Português Brasileiro falado em João Pessoa, Paraíba, os estudos de produção a partir dos dados do Projeto Variação Linguística no Estado da Paraíba – VALPB (HORA, 1993) mostram que a palatalização ocorre em duas consoantes coronais: com taxa de 95% nas fricativas antes de /t, d/ (HORA, 2003) e em torno de 7% nas oclusivas antes de [i] (HORA, 1997; HENRIQUE & HORA, 2012). Respectivamente, a primeira ocorre quando po[s]te e de[z]de se tornam po[?]te e de[?]de, e a segunda quando [t]ia e [d]ia se tornam [t?]ia e [d?]ia. Este artigo objetiva investigar, na perspectiva da produção e da percepção, o processo de palatalização das fricativas coronais em coda medial e das oclusivas dentais antes de [i] no dialeto do Português falado em João Pessoa – Paraíba. Para investigar a percepção dos ouvintes pessoenses sobre a palatalização das fricativas coronais em coda medial, Henrique (2016) elaborou um experimento de discriminação de fala. Com base nas análises a partir de modelos de regressão linear, o autor constatou que a discriminação não depende do contexto precedente ao fenômeno. Com o objetivo de investigar a discriminação entre oclusivas dentais e africadas por ouvintes pessoenses, utilizando os dados de Amorim (2017), o modelo de regressão logística multivariado aqui proposto considerou como relevantes para a predição da discriminação dos ouvintes apenas as fricativas coronais como contexto precedente. Outras variáveis do modelo (Sexo, Faixa Etária, Tonicidade e Vozeamento), significativas em termos de produção, não foram consideradas relevantes pela análise. Portanto, se, em termos de produção, os dados mostram que a fricativa coronal como contexto precedente condiciona significativamente a produção da palatalização das oclusivas dentais, em termos de percepção, ela reduz o contraste entre as variantes oclusivas dentais e africadas. Como conclusão, mostra-se uma associação entre os processos de palatalização das fricativas e das oclusivas dentais no dialeto pessoense. Uma regra fonológica motiva a ocorrência de palatalização da fricativa coronal antes de /t, d/, e essa fricativa palatalizada influencia de maneira significativa a produção e a percepção da fala diante desse contexto. Em termos de produção, essa palatalização desencadeia a palatalização das oclusivas dentais e, em termos de percepção, ela reduz o contraste entre oclusivas dentais e africadas. |
| A percepção da vogal postônica não final em proparoxítonas | Author : José Magalhães, Giselly de Oliveira Lima | Abstract | Full Text | Abstract :O presente estudo investiga a percepção das vogais postônicas mediais em palavras proparoxítonas no português brasileiro. As vogais postônicas não finais podem sofrer, variavelmente, três processos: preservação, redução ou apagamento, conforme relatam inúmeros trabalhos já feitos com base em sua produção. Há, contudo, uma lacuna em como tais são percebidas. Este estudo procura preencher esta lacuna ao investigar a percepção das vogais postônicas não finais. Para tanto, contamos com uma amostra de 24 participantes, sendo 12 do sexo feminino e 12 do sexo masculino, com idades entre 15 e 50 anos, nascidos na microrregião Sudoeste de Goiás, municípios de Rio Verde e Santa Helena. Realizamos dois testes de percepção: um teste de discriminação do tipo AX e outro do tipo ABX. A análise fonológica da percepção foi desenvolvida à luz do Modelo de Interação entre Percepção e Fonologia (Hume e Johnson, 2001), o que nos permitiu verificar que os informantes tendem a perceber a presença da vogal, mesmo em ambientes em que ela é apagada. Por este modelo teórico, ficou evidente que forças externas - percepção, produção, generalização e conformidade - atuam tanto na neutralização, no apagamento quanto na preservação da vogal postônica não final. Estas forças funcionam como filtros na seleção de possíveis outputs. Assim sendo, a representação cognitiva das proparoxítonas será com a vogal, mesmo que possa sofrer alterações, as quais passam pela filtragem das forças externas referidas, gerando diferentes representações no sistema sonoro linguístico da comunidade de falantes. |
| Percepção do traço da sonoridade nas obstruintes: Consciência fonêmica e norma ortográfica no Ensino Fundamental II | Author : Tania Mikaela Garcia Roberto, Tainara Batista Ramos | Abstract | Full Text | Abstract :Percebe-se, atualmente, que muitos alunos chegam aos anos finais do Ensino Fundamental II com inúmeras dificuldades em escrita, apresentando diversos desvios ortográficos, entre os quais se destaca a troca entre grafemas que representam fonemas que se distinguem pela sonoridade. Esse fato dificulta o uso competente da escrita, inclusive em suas práticas sociais. Sendo assim, a presente pesquisa de intervenção educacional, de cunho interpretativo, teve como objetivo elaborar atividades didáticas para cinco alunos de 8º ano do Ensino Fundamental, que privilegiam a reflexão sobre as relações fonêmico-grafêmicas. A análise das respostas dadas constatou que os alunos têm hiatos relevantes no desenvolvimento da consciência fonológica e, consequentemente, dificuldades para representar ortograficamente determinadas palavras. Propõe-se, como possível solução para a dificuldade identificada, que o trabalho de desenvolvimento da consciência fonológica inicie desde a Educação Infantil. Para tanto, sabe-se que os profissionais da Educação precisam ser devidamente preparados. Além disso, é preciso buscar estratégias eficazes para o desenvolvimento da Consciência Fonológica de alunos que não mais estão na fase de alfabetização. |
| Templates no desenvolvimento típico de uma criança adquirindo a fonologia do PB: um estudo sobre tokens e types | Author : Glaubia Ribeiro Moreira, Maria de Fátima de Almeida Baia, Marian Oliveira | Abstract | Full Text | Abstract :Neste estudo, investigamos a manifestação de templates (T.), isto é, padrões de palavra sistemáticos que carregam informações prosódicas e/ou segmentais (VIHMAN; CROFT, 2007), no desenvolvimento fonológico típico de uma criança adquirindo o português brasileiro (PB) de Vitória da Conquista-BA, de idade entre 1;5 a 2;5. Para tanto, assumimos como perspectiva teórica, o Paradigma dos Sistemas Adaptativos Complexos (PSAC) (THELEN; SMITH, 1994) e como modelo fonológico, a Templatic phonology (VELLEMAN; VIHMAN, 2002; VIHMAN; CROFT, 2007). Na análise, consideramos tanto a contagem de tokens quanto de types, partindo da hipótese de que independentemente do tipo de dado analisado, a criança fará uso de templates como estratégia de expansão lexical. No entanto, considerando tokens, não encontramos evidência de manifestação de templates. Por outro lado, na contagem de types, dois templates foram observados: o V e o CV, distribuídos em cinco sessões, 1;5 a 1;9. Dessa maneira, nossa hipótese não foi inteiramente confirmada porque o tipo de dado observado é relevante na investigação acerca dos templates no desenvolvimento fonológico. |
| A formação de adjetivos em -oso no português arcaico: uma análise segundo a Teoria da Otimalidade | Author : Tamires Costa e Silva Mielo | Abstract | Full Text | Abstract :O presente artigo tem por objetivo apresentar a análise morfológica e fonológica da formação de adjetivos em -oso no Português Arcaico. Para tal, foram coletados 35 adjetivos com essa formação, das 100 primeiras Cantigas de Santa Maria, documento representativo da época aqui considerada Português Arcaico. Os vocábulos foram primeiramente submetidos à análise morfológica, segundo a teoria dos Constituintes imediatos, por meio da qual verificou-se que a maior parte dos adjetivos formados pelo sufixo -oso [26 de um total de 35] são derivados de substantivos. Ao observar a formação dos adjetivos em questão, constatou-se que eles passam por um processo de adaptação morfofonológica, como a supressão da vogal temática, o que é o caso do adjetivo espantoso - espanto mais -oso espantoso, por exemplo. Passou-se, então, à análise fonológica desses processos por meio da Teoria da Otimalidade, que se baseia no ranqueamento de restrições fonológicas vigente em um determinado sistema linguístico. Diante desta teoria, foram elaborados tableaux que indicam as restrições violadas pelas formações e a possível hierarquia dessas restrições. De acordo com os dados, foi visto que a restrição MAX, a qual proíbe a supressão de elementos do input no output, é a mais baixa da hierarquia neste contexto fonológico, visto que é violada na maioria dos casos. |
| O fenômeno variável do rotacismo: Uma análise pela Teoria da Otimidade | Author : Juliana Escalier Ludwig Gayer, Ludquellen Braga Dias | Abstract | Full Text | Abstract :O presente estudo pretende analisar o fenômeno variável do rotacismo à luz da Teoria da Otimidade (McCarthy; Prince, 1993; Prince; Smolensky, 1993/2004). O processo do rotacismo consiste na troca da consoante lateral /l/ por um rótico e pode ocorrer em dois contextos silábicos: ataque complexo, como em claro ~ craro, e coda silábica, como, por exemplo, calçado ~ carçado. Para esta análise, focamos apenas na ocorrência do rotacismo no encontro consonantal que ocorre no ataque complexo. O principal objetivo deste trabalho é propor uma análise otimalista do fenômeno que ocorre no português brasileiro, identificando quais seriam as restrições violáveis pertinentes para sua caracterização. Segundo McCarthy (2008), as etapas para se construir uma análise pela Teoria da Otimidade são: (i) escolher um problema para analisar; (ii) formular uma generalização descritiva, baseada nos dados; e (iii) partir da generalização para a análise, selecionando as restrições relevantes para explicar o padrão encontrado. A fim de analisar o fenômeno variável, buscamos generalizações descritivas sobre os padrões silábicos universais, a partir da Teoria da Sílaba (SELKIRK, 1982; 1984), e sobre as condições paramétricas propostas para as estruturas silábicas permitidas no português (BISOL, 2013;. COLLISCHONN, 2010). Com base nas generalizações descritivas, partimos para a análise otimalista, selecionando as restrições que parecem ser relevantes para os padrões silábicos encontrados e para a variação que ocorre entre as líquidas na posição de ataque complexo. Em relação à análise da variação, utilizamos a abordagem de gramáticas parcialmente ordenadas proposta por Anttila e Cho (1998). No caso do rotacismo, a proposta aqui é que temos três restrições parcialmente ordenadas, visto que podemos ter três variantes, a saber placa, praca e paca (com apagamento). As restrições consideradas relevantes para a análise do fenômeno foram IDENT-T, MDS-OC e MAX. |
| Escala de distinção fonológica: Uma nova proposta para o a variável saliência Fônica | Author : Raquel Gomes Chaves, Glauber Sallaberry Kist | Abstract | Full Text | Abstract :Neste artigo, fundamentados no aporte teórico-metodológico da Sociolinguística laboviana (WEINHEINCH, LABOV, HERZOG, 1968, LABOV, 1972, 1994), apresentamos uma nova proposta hierárquica para o controle da variável saliência fônica em estudos acerca do fenômeno variável de marcação explícita de concordância verbal de terceira pessoa do plural (CVP6). Para isso, partimos da discussão teórica, iniciada por Guy (1981), Nicolau (1984, 1995), Camacho (2013), Chaves (2014) e Vieira, Brandão e Gomes (2015), e nos dados da Amostra Chaves (2016). Nossos resultados indicaram alta acurácia da escala proposta. Enfatizamos, no entanto, a necessidade de: (i) confirmar a correlação entre o nível de distinção fonológica e a marcação da CVP6 fazendo uso de um maior número de dados de diferentes variedades do Português Brasileiro (PB) e (ii) estender a análise da saliência a outras restrições tanto linguísticas como extralinguísticas, haja vista que o princípio não opera exclusivamente no nível fônico. |
| O status de palavra fonológica em afixos do português brasileiro | Author : Michele Monteiro de Souza, Aline Alves Fonseca | Abstract | Full Text | Abstract :Este artigo investigou o status de palavra fonológica em português brasileiro (PB) com base na Teoria da Fonologia Prosódica (NESPOR & VOGEL, 1986; 2007) e abordagens que caracterizam a interface entre aspectos fonológicos e morfológicos do léxico (VIGÁRIO, 2003). A Teoria da Fonologia Prosódica propõe que a palavra fonológica é um nível da hierarquia prosódica em que se verifica o mapeamento entre os componentes fonológicos e morfológicos da gramática. A proposta de Vigário (2003) indica que palavras sufixadas em português poderiam formar duas palavras fonológicas, na medida em que apresentariam dois acentos de palavra. Desse modo, o objetivo deste estudo consiste em analisar o padrão acentual de palavras formadas por afixos átonos e tônicos, a fim de verificar se prefixos e sufixos tônicos em PB formam uma palavra fonológica autônoma. Realizou-se uma tarefa experimental de leitura para a gravação de sentenças contendo grupos de palavras formadas por afixos, e efetuou-se a análise acústica das médias de duração silábica para comparar o padrão acentual da sílaba principal da raiz na palavra primitiva com a mesma sílaba nas palavras com afixos. Os resultados encontrados não apontam para a autonomia dos sufixos tônicos nos grupos de palavras analisados, sugerindo que, em PB, as palavras derivadas com afixos tônicos formariam uma única palavra fonológica. |
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