O presente artigo objetiva investigar as representações de gênero e sexualidade pelos(as) professores(as) do Ensino Fundamental e Médio da rede Estadual de Ensino. Em razão da importância política e social dessa discussão levantamos as seguintes problematizações: Quais as representações sociais que perduram nos dias atuais de professores e professoras em relação ao gênero e a sexualidade? Como tratar as questões referentes ao gênero e sexualidade em uma sociedade em que grupos que são diferentes da norma androcêntrica e heterossexual são marginalizados? Para tanto, foram realizadas entrevistas e uma oficina com os/as docentes de um colégio da rede pública de ensino, com o intuito de questionar as relações de gênero e sexualidade que ocorrem no ambiente escolar. Posteriormente realizamos uma oficina a fim de (re) pensar certas representações e explanar algumas dúvidas dos professores que foram evidenciadas durante a entrevista.A escolha deste tema é justificável devido às preocupações no que diz respeito às relações de gênero e sexualidade, questionando a necessidade de superação dos preconceitos e discriminação gerados por uma cultura que se apresenta como superior na sociedade humana: a cultura branca, heterossexual, androcêntrica, patriarcal, de classe média.

Neste trabalho apresentamos, na forma de relato, algumas reflexões sobre a importância dos projetos de extensão para formação dos futuros licenciados em Matemática. Para nortear a discussão, introduzimos o artigo com informações sobre a baixa procura pelos cursos de formação docente e de como isto interfere nas atuais licenciaturas. Logo, a necessidade de se repensar estratégias para permanência e conclusão dos ingressantes e a importância do desenvolvimento de projetos de extensão para que isto ocorra. Neste viés, apresentamos o trabalho desenvolvido com o projeto “Superando as Dificuldades no Processo de Ensino e Aprendizagem da Matemática Básica através da Integração entre os Diferentes Níveis de Ensino” e discutimos a respeito dos benefícios desta ação para a formação do futuro docente. Para balizar nossas discussões utilizamos a analise dos depoimentos dos acadêmicos que participaram do projeto e já concluíram a Licenciatura em Matemática e, ainda, de uma forma especial, expomos argumentos que corroboram com este entendimento, pautados na atual composição da maioria dos cursos de licenciatura em matemática e na experiência do projeto propriamente dito.

O uso de drogas na adolescência está relacionado a inúmeros fatores biopsicossociais. Pesquisas apontam que: envolvimento com pares que usam drogas, afastamento da família, abandono da escola, e disponibilidade das drogas são fatores de risco. Já o apoio familiar, laços com instituições sociais e a participação em atividades extracurriculares são fatores de proteção. Este estudo teve como objetivo identificar como um grupo específico de adolescentes pensa e se comporta diante das drogas. Participaram 22 adolescentes do Projovem Adolescente de Foz do Iguaçu - PR, com idades entre 14 e 18 anos. Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturada. Os resultados mostraram que o uso de drogas para esses adolescentes se inicia por curiosidade, pressão dos pares ou pela disponibilidade das drogas. A maioria deles não relacionou álcool como droga, o que mostra que as informações recebidas ainda são insuficientes. Percebeu-se que os jovens sabem como conseguir drogas (25,5% relacionam traficantes e 21,3% citam pessoas próximas) e percebem a família enquanto fator de risco (16,7%) e proteção (27,5% e 21,7%). Também reconhecem as amizades enquanto fator de risco (26%). Conclui-se que é importante ouvir conhecimentos e necessidades dos adolescentes para planejar ações preventivas e também focar estas ações na família.

O curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-Unioeste-campus de Foz do Iguaçu iniciou suas atividades em 2000, com um Projeto Político Pedagógico (PPP) orientado na perspectiva que depois viria se consolidar legalmente nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de pedagogia, aprovadas em 2006. Nesses quinze anos de existência, o curso já sofreu duas reformulações do seu PPP. O presente texto consiste no levantamento e sistematização do histórico do curso e dos resultados de levantamento efetuado sobre o perfil de seus acadêmicos e egressos. O objetivo do estudo foi instrumentalizar o processo de tomada de decisões de um terceiro processo de reformulação e atualização do PPP do curso. Os levantamentos demonstram, em grande medida, que a orientação teórico-metodológica do curso é acertada, fato comprovado pela constatação de que a quase totalidade dos acadêmicos e egressos atuam profissionalmente na área da formação, pelo alto índice de egressos que prosseguem os estudos no nível da pós-graduação, inclusive stricto sensu, assim como pelo alto índice de aprovação dos acadêmicos e egressos em concursos públicos. A orientação metodológica do curso é baseada no Materialismo Histórico-Dialético e o perfil profissional assumido no curso é da formação do pedagogo como articulador do trabalho pedagógico. Esta formação está assentada em três eixos de disciplinas: os fundamentos da educação; a organização do trabalho pedagógico (OTP) e políticas educacionais; a ação docente.

Desde a formação do povoado, no início do século XIX, até o ano de 1945, Santa Fé é espaço imaginário onde se desenvolve a trama de O Tempo e o Vento. Mais que um mero cenário em que as personagens transitam, Santa Fé acompanha as transformações de seus moradores e de suas práticas sociais, sofrendo a ação do tempo e das gerações que se sucedem. Este estudo analisa o processo de modernização de Santa Fé encabeçado por Rodrigo Terra Cambará, procurando estabelecer uma relação entre a personagem e algumas teorias sobre a modernidade. Para Giddens (2002), o que caracteriza a modernidade e a separa de períodos precedentes é o extremo dinamismo, não apenas no ritmo da mudança social, mas na amplitude e profundidade em que ela afeta as práticas sociais e modos de comportamento. O Dr. Rodrigo incorporou novos hábitos e comportamentos à vida social de Santa Fé, foi um entusiasta da modernidade sem perceber que ele próprio sofria suas consequências. Suas influências não ficaram restritas aos aspectos materiais ou arquitetônicos da cidade, mas fizeram-se sentir, principalmente, no modo de vida das demais personagens, transformando sua visão do mundo.

O presente estudo tem por objetivo geral analisar a discussão e a solução proposta para o problema do desemprego apresentada no Relatório Jacques Delors publicado no Brasil em 1998. Para atender a tal objetivo, nos fundamentamos na perspectiva materialista histórica buscando compreender, mesmo que brevemente, como se estrutura o modo de produção e reprodução da vida no sistema capitalista. Portanto, as discussões são apresentadas em três itens; inicialmente, apresentamos a discussão presente no Relatório Delors sobre educação e desemprego; em seguida, expusemos as principais características do modo de produção capitalista e como o problema do desemprego se desenvolve nesta sociedade; e, por fim, realizamos uma discussão acerca das possibilidades e limites da proposta do Relatório Delors para a solução do desemprego. Concluímos que existem limitações na compreensão do Relatório Delors sobre a questão do desemprego e da qualificação profissional e que é preciso discutir estas questões a partir de sua determinação econômica para evitar uma culpabilização indevida sob os trabalhadores.

Sob o olhar da Retórica e numa perspectiva cognitiva, objetivamos abordar o papel retórico de verbos e locuções verbais metaforizadas em reportagens sobre economia, extraídas das revistas IstoÉ – Dinheiro e Exame. A hipótese é a de que cumprem três estratégias retóricas integradas e complementares: condensação de analogias, transposição didática e criação estética – o tornar compreensível, acessível e interessante, respectivamente. Nessa dinâmica tridimensional, a metáfora verbal se constitui ponto crucial na produção discursiva: nela se inscreve a subjetividade do autor. Por essa razão, observa-se o seu uso como uma estratégia – recursos, no caso, da linguagem utilizados e pensados com vistas à persuasão. Ao mesmo tempo, constitui-se ponto crítico na interpretação: ela pressupõe as contribuições do leitor e dele exige competência e espírito críticos para desvelar o que nela se manifesta ou se esconde. Revela-se, portanto, que a metáfora, mais do que figura de linguagem, constitui um modo de pensar, representar e, quando presente em discursos persuasivos, modificar alguma realidade.

Na passagem do século XIX para o XX, período circunscrito à chamada Bélle Époque, o Brasil passou por mudanças estruturais, que se refletiam na paisagem das grandes cidades, sobretudo Rio de Janeiro e São Paulo. No intuito de enfrentar a ameaça do “caos urbano” derivado do crescimento físico e demográfico das metrópoles, as elites dirigentes urbanas aprofundaram um abrangente processo de reformas, cujo sentido ultrapassava em muito a idéia da simples “remodelação” e “embelezamento” das cidades. Partindo de referenciais teóricos e conceituais da História Urbana e da premissa de que essas reformas estiveram atreladas a uma ampla lógica disciplinar, envolvendo, portanto, diversos dispositivos de poder, este artigo tem por objetivo analisar os aspectos que ensejaram tais reformas, suas características e seus impactos sobre o cotidiano das classes populares urbanas.

Este estudo é sobre memórias de pescadores de Foz do Iguaçu, analisando suas vivências nas fronteiras físicas concernentes à atividade pesqueira. O procedimento metodológico adotado busca interpretar dados obtidos através das narrativas, sendo considerada uma pesquisa oral temática. Foram realizadas quatro entrevistas com pessoas envolvidas com a atividade pesqueira. Além das entrevistas, a pesquisa conta com bibliografia sobre diversos temas que surgiram no decorrer das análises, como pescadores, fronteiras e alimentação. O olhar a essas fontes, personagens da história local, fará deste texto ser memórias e fonte. É dada importância às águas, cenário comum aos entrevistados e que faz parte do imaginário do Oeste do estado do Paraná. Colabora-se com as discussões sobre fronteiras, sob a perspectiva de quem as vivencia, não sendo algo distante, mas algo que faz parte do cotidiano, e está logo ali ou logo aqui. As discussões sobre as fronteiras físicas levantadas através das narrativas destes pescadores é a contribuição deste trabalho.