Vigotski foi testemunha ocular da Revolução Russa de 1917, que alçou ao poder a sociedade socialista, e, sobre esta sociedade, tributária do marxismo, erigiu sua teoria, guia e expressão de uma prática social. Estamos dispostos, no presente artigo, a fazer uma apologia a Vigotski. Na metodologia, analisamos de forma crítica seus escritos e buscamos “reinventar” o autor, tecendo comentários sobre sua teoria, desde a circulação até a apropriação. No campo teórico, o colocamos entre os marxistas, para diferenciá-lo de Piaget, que é Kantiano. Nosso objetivo é mostrar que, apesar da tradição escolar brasileira ser de gênese piagetiana, houve adesão dos educadores brasileiros aos escritos de Vigotski. Entre os motivos da adesão, elencamos a relação da base materialista de sua teoria com a democratização do país, nos anos 1980; a nova dinâmica que deu aos conceitos de aprendizagem e desenvolvimento; apresentação dos conceitos de zona de desenvolvimento proximal, de filogênese, ontogênese, sociogênese e microgênese; as relações entre origens das formas superiores do comportamento humano consciente com a cultura; e a orientação de seu método para solucionar problemas educacionais. Destacamos o “conforto teórico” aos educadores brasileiros, em especial, pela compreensão da necessidade de diretividade no ensino e a fundamentação da Pedagogia Histórico-Crítica, teoria progressista entre as mais aceitas em educação no Brasil.

Na intenção de contribuir com a discussão sobre enunciados na linguagem videográfica, em processos de interação online, este estudo se sustenta na teoria do dialogismo de Mikhail Bakhtin. Os conceitos de autoria, enunciado, produção de sentidos e excedente de visão nos auxiliam a analisar os enunciados produzidos nas produções de videocartas; e a produção de sentido no compartilhamento das mesmas. Os enunciados destacados para nossa reflexão foram extraídos de um projeto de extensão realizado com estudantes de licenciatura em Artes Visuais brasileiros e norte-americanos. À luz de uma perspectiva teórico/metodológica ético-estética bakhtiniana, a qual pressupõe uma escuta ética e responsiva, atentamo-nos a videocarta brasileira. A partir das análises, é possível inferir que o enunciado vídeocarta possui posições relativas de autoria não como uma propriedade de alguém ou de um grupo, mas como uma posição de enunciação, ligada ao contexto em que foi proferida e marcada por um excedente de visão dos autores–criadores.

Este artigo apresenta análise de resultados de pesquisa sobre como os conceitos de interação verbal e dialogismo podem contribuir à produção escrita da criança. Com base em estudos que destacam o caráter constitutivo da linguagem, a partir da perspectiva dialógica de Bakhthin e histórico-cultural de Vigotski, analisam-se as interações em duas aulas de produção de texto escrito, uma encaminhada a partir da visualização de uma figura sugestiva e outra planejada com a definição de gênero discursivo, conteúdo temático e leitor. O processo foi registrado, com foco nos encaminhamentos feitos pela professora e na forma como se deu a interação entre os sujeitos (aluno-aluno, aluno-professora e aluno-produção), na aula. A orientação dialógica foi instituída pela definição do gênero e do leitor, pela interação com outros enunciados sobre o conteúdo temático, a construção composicional e possibilidades estilísticas e pela interação entre os sujeitos participantes do ato educativo. Os resultados apontam que, no início da escolarização (alfabetização), a explicitação da orientação dialógica na organização do ensino da escrita é fator diretamente relacionado às elaborações discursivas dispostas nas produções escritas das crianças, e que a interação verbal e o dialogismo constituem uma essencial matriz pedagógica ao ensino da produção de texto.

Para dar a conhecer e sumarizar resultados da pesquisa com o recurso do portfólio no ensino, como uma atividade laboral, fui levada a analisar alguns aspectos sobre sua função na atividade pedagógica. Parece evidente que temas de universos diferentes requeiram geralmente práticas pedagógicas distintas. No entanto, existem práticas comuns nas abordagens adequadas do ato da comunicação em todas as áreas do conhecimento, com os mesmos instrumentos pedagógicos usados em outras áreas distintas. Escrevo sobre minha experiência didática com portfólio utilizado como atividade pedagógica no ensino superior, na disciplina de Cartografia Geral e Temática, no Curso de Licenciatura em Geografia. O principal propósito está na elaboração do portfólio com os alunos, cuja turma teve a disciplina no primeiro ano do Curso (2013). Os mesmos foram novamente consultados no ano de 2016, quando cursavam o 4º Ano do Curso. O ateliê pedagógico foi a própria sala de aula desta pesquisadora ao elaborar o portfólio no seguinte contexto: a) de Sá-Chaves: que baliza o portfólio como estratégia de formação e de supervisão da aprendizagem; b) de Leontiev: na luz da Teoria da Atividade; e c) de Vygotsky: na concepção da mediação pedagógica.

O Plano Estadual de Educação do Paraná, aprovado no ano de dois mil e quinze, é um documento onde o governo do estado propõe uma série de melhorias na educação apresentadas através de um conjunto de 20 Metas. Neste artigo estamos analisando a Meta 6 que vai apresentar a proposta do estado para a Educação Integral em tempo integral. Primeiramente vamos tratar da diferenciação entre os termos educação integral e tempo integral, em seguida partimos para uma análise dos dados estatísticos apresentados nesta meta e para finalizar tratamos das dificuldades a serem superadas tal a discrepância entre o real e o ideal da meta estudada.

A Roda de Conversa configura-se como espaço formativo para o trabalho com a linguagem verbal na Educação Infantil. Este artigo apresenta resultados de pesquisa de mestrado, realizada em 2015, sobre a Roda de Conversa com um grupo de crianças de três a cinco anos, em três instituições públicas de Educação Infantil, do município de Francisco Beltrão, Paraná, com o objetivo de identificar os aspectos formativos que essa prática favorece na constituição do sujeito/ criança. A pesquisa foi realizada por observações e áudio-gravações, para apreender os diálogos dos sujeitos e o movimento de circulação dos conteúdos culturais na sua realização. A análise baseia-se nos pressupostos da psicologia histórico-cultural de Vigotski e na perspectiva dialógica da linguagem de Bakhtin, pelos quais situamos a Roda de Conversa como gênero discursivo secundário que permite o movimento dialógico e a interação dos sujeitos, para expressão de suas vozes. Os resultados apontam para a potencialidade formativa da Roda de Conversa, à medida que as interações nela promovidas possibilitam o diálogo entre os conhecimentos infantis e suas relações com os saberes escolares; apresenta-se, também, como um espaço que promove o diálogo, valoriza a singularidade infantil, permite a construção de valores e saberes culturais e a democratização do saber.

Este trabalho apresenta uma análise sobre a organização do ensino na alfabetização e suas aproximações e/ou distanciamentos para a aprendizagem de conceitos científicos promotores do desenvolvimento psíquico. A metodologia toma como referência a revisão bibliográfica sobre a temática, a observação e a análise de uma atividade de alfabetização realizada na primeira série do ensino fundamental. A partir dessa metodologia, procuram-se identificar as ações que estruturam a organização do ensino para a apropriação conceitual, feita pela professora, ao realizar uma atividade de alfabetização. A análise relativa à organização do ensino e à materialização da atividade de alfabetização fundamentou-se na perspectiva histórico-cultural da linguagem, com base nos apontamentos de Vigotski, que compreende a relação de ensino e aprendizagem como processo cultural e historicamente mediado pela atividade humana. A opção teórica possibilitou uma reflexão crítica sobre a organização do ensino de alfabetização e suas relações com a aprendizagem conceitual. Os resultados apontam que o ensino na alfabetização estruturado por materiais que orientam as práticas dos professores numa perspectiva construtivista se distancia de um ensino intencional com potencial de aprendizagens de conceitos científicos que possibilitam a superação da visão particular do conceito pela capacidade de generalização do pensamento.

Este artículo analiza el proceso de reformas educativas impulsado en España desde la década de 1970 hasta la sanción de la Ley Orgánica para la Mejora de la Calidad Educativa (LOMCE). La LOMCE es el ejemplo más reciente de una larga serie de leyes educativas sancionadas como respuesta a un proceso de descomposición en educación. Para este trabajo realizamos un estudio sobre el proceso de reformas educativas abierto desde la transición del franquismo hasta la actualidad. Las recientes elecciones pusieron en agenda el problema, lo cual obligó a debatir la ley y la situación educativa en el país. Todo esto se desarrolló en un contexto de crisis económica sin precedentes y (luego del proceso electoral) de una crisis de gobierno que puso en cuestionamiento a todo el sistema político español. Los magros resultados en educación, verificados por organismos internacionales, nos permiten realizar una crítica al sistema político que impulsó dichas leyes, así como a los límites de una política reformista. Discutir la LOMCE, así como todo el periodo de reformas, implica cuestionar la orientación social actual de la educación en España.

Este artigo discute sobre o planejamento de atividades pedagógicas para inclusão a partir dos princípios do Desenho Universal para a Aprendizagem. Parte do problema de pesquisa: de que maneira o planejamento de atividades pedagógicas pode explicitar os princípios da inclusão educacional? Essa questão é relevante, pois quando as intenções inclusivas na educação são sistematizadas, as ações docentes propiciam por meio da organização do ensino para aprendizagem a mediação qualitativa, com o uso de recursos e estratégias adequadas aos alunos. Utiliza como metodologia a pesquisa bibliográfica para subsidiar a produção de um material didático aos docentes para auxiliar no momento do planejamento e avaliação das atividades pedagógicas para a inclusão educacional. Tem como principais referenciais as ideias de Libâneo (2012), Rodrigues (2007), Mantoan (2011) e, Meyer, Rose e Gordon (2002) oferecendo uma contribuição ao campo da prática docente na inclusão educacional diante a organização das atividades pedagógicas empregando os princípios do Desenho Universal para a Aprendizagem.

O presente trabalho é resultado de uma reflexão crítica acerca do modo como a categoria teórica de caos e suas supostas implicações como fragmentação e descontinuidade são apropriadas pelos seguintes autores pós-modernos: Michel Maffesoli, Egar Morin, Jean Baudrillard, François Lyotard e Jair Ferreira dos Santos. De maneira geral, o trabalho se concentrará na análise de três pontos utilizados pelo autores pós-modernos para sustentar a ideia de caos na sociedade ocidental atual: 1) a psicologização do social; 2) a transposição de teorias da física para a sociologia; 3) o como conteúdos semióticos são apropriados de modo afirmar que o simbólico se tornou o elemento central na constituição do social em detrimento da materialidade.