Crianças negras entre a assimilação e a negritude | Author : Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva | Abstract | Full Text | Abstract :O artigo aborda dilema enfrentado por crianças negras para construírem e exporem sua negritude, aponta circunstâncias e desafios a que fazem face seus familiares, bem como contribuições do Movimento Negro. Faz ponderações a respeito da importância de professores e escolas se aliarem à comunidade negra, a fim de fortalecer as crianças negras para o sucesso escolar, tendo respeitada sua negritude. |
| Estereótipos e discriminação étnico-racial em e através dos livros ilustrados infanto-juvenis (Tradução) | Author : Véronique Francis | Abstract | Full Text | Abstract :A integração no direito francês da diretiva europeia 2000-43 de 29/6/2000 para a igualdade de tratamento entre as pessoas sem distinção de raça ou de origem étnica e o reconhecimento oficial da questão das discriminações raciais (EUROSTAT, 2007; FASSIN, 2010; MASCLET, 2012) levou os órgãos públicos a desenvolverem ações em torno da luta contra os preconceitos e os estereótipos raciais, e promover a educação para a diversidade (DIM, 2012). Este trabalho inscreve-se no campo das pesquisas em educação sobre as discriminações na educação das crianças desde a mais tenra idade (DERMAN-SPARKS, 1989; VANDENBROECK, 2005). Ele examina os livros infanto-juvenis ilustrados bem como o discurso dos profissionais relacionados a essas obras. Ele surge na sequência de dois estudos (FRANCIS; THIERY, 2011; THIERY; FRANCIS, 2013) que permitiram constatar o pequeno número de livros de ficção publicados entre 1980 e 2010, nos quais o personagem principal é uma criança negra. Os livros nos quais as crianças negras vivem situações pacíficas e até mesmo felizes da experiência infantil são raros e, em sua grande maioria, elas aparecem em situações que tratam da diferença, da tolerância, da identidade, da exclusão, do racismo (THIERY; FRANCIS, 2015). O estudo propõe uma análise de algumas obras emblemáticas e dos comentários que as acompanham, produzidos pelas instituições do livro e da leitura, bibliotecários, conselheiros pedagógicos e professores, sobretudo da escola maternal. Nos livros de ficção, os personagens de crianças negras estão associados de maneira recorrente a temas, topônimos, objetos. As representações dos corpos, notadamente de sua nudez total ou parcial, e as do espaço aparecem em uma gama ao mesmo tempo limitada e delimitada por motivos literários, estéticos e plásticos. Os temas e referências que se encontram de um livro a outro e nos comentários evidenciam os efeitos da estereotipia, os preconceitos e ressaltam a discriminação étnico-racial. Os resultados convidam a questionar a ilusão de indiferenciação das representações das crianças brancas e das crianças negras na produção contemporânea dos livros de ficção e mostra a importância de estudar, além das obras, as vozes que as acompanham, pois elas podem – ou não – influenciar sua leitura e, sobretudo, sua crítica. |
| Relações étnico-raciais e educação: Entre a política de satisfação de necessidades e a política de transfiguração | Author : Valter Roberto Silvério | Abstract | Full Text | Abstract :A mudança no marco normativo provocada pela alteração da Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira em decorrência da Lei nº 10.639/2003 e seu desdobramento prático, presente nas Diretrizes Nacionais Curriculares para a Educação das Relações Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, podem compor o conjunto contemporâneo das várias, diversificadas, criativas e necessárias proposições de ressituar a África e a diáspora africana na história mundial, desconstruindo a versão hegeliana e iluminista produzida sobre o continente que serviu de base para grande empresa imperialista europeia de dominação global que ora encontra-se no mínimo questionada em seus fundamentos básicos. As chamadas diretrizes para a “educação das relações raciais” como sintomaticamente vem sendo chamada pelos ativistas do movimento negro, e acadêmicos, colocam para além da questão racial a necessidade de ensinar história e cultura afro-brasileira e africana. Meu objetivo no presente texto é argumentar que a ênfase na “educação das relações raciais” restringe o escopo das diretrizes ao limitar seu horizonte à política de satisfação de necessidades (politics of fulfilment) que, de acordo com Gilroy (1993), tem sido praticada pelos descendentes de escravos, demandando da sociedade civil burguesa que cumpra as promessas de sua própria retórica. Em outras palavras, ela cria os meios nos quais demanda por objetivos como uma justiça não racializada e uma organização dos processos produtivos. A sua expressão máxima é a política do reconhecimento intersecionada com a política redistributiva. Em contraste, com a política de satisfação de necessidades, Gilroy propõe a política de transfiguração na qual se invocam referências utópicas, as quais, no caso brasileiro, estão associadas às possibilidades abertas pelo ensino de história africana e história afro-brasileira, ressituando África e a diáspora africana na história mundial para além da leitura racializada disseminada na educação ocidental. Um importante instrumento dessa desconstrução é conhecer os questionamentos e intervenções que os intelectuais negros (africanos e da diáspora) dirigiram aos principais eixos da história intelectual global que excluíam a eles próprios e a África. |
| Stéréotypes et discriminations ethnoraciales dans et par les albums illustrés pour la jeunesse | Author : Véronique Francis | Abstract | Full Text | Abstract :L’intégration dans le droit français de la directive européenne 2000-43 du 29/6/2000 pour l’égalité de traitement entre les personnes sans distinction de race ou d’origine ethnique et la reconnaissance officielle de la question des discriminations raciales (EUROSTAT, 2007; FASSIN, 2010; MASCLET, 2012) a conduit les organismes publics à développer des actions autour de la lutte contre les préjugés et les stéréotypes raciaux, et à promouvoir l’éducation à la diversité (DIM, 2012). Ce travail s’inscrit dans le champ des recherches en éducation sur les discriminations dans l’éducation des enfants dès le plus jeune âge (DERMAN-SPARKS, 1989; VANDENBROECK, 2005). Il examine les albums illustrés pour la jeunesse ainsi que sur les discours des professionnels concernant ces ouvrages. Elle fait suite à deux études (FRANCIS; THIERY, 2011; THIERY; FRANCIS, 2013) qui ont permis de constater le faible nombre d’albums de fiction, publiés entre 1980 et 2010, où le personnage principal est un enfant noir. Les albums où les enfants noirs vivent des situations paisibles voire heureuses de l’expérience enfantine sont rares et dans leur grande majorité, ils apparaissent dans des situations traitant de la différence, la tolérance, l’identité, l’exclusion, le racisme (THIERY; FRANCIS, 2015). L’étude propose une analyse de quelques ouvrages emblématiques et des énoncés qui les accompagnent, produits par les institutions du livre et de la lecture, les bibliothécaires, les conseillers pédagogiques, les enseignants, notamment ceux de l’école maternelle. Dans les albums de fiction, les personnages d’enfants noirs sont associés de manière récurrente à des thèmes, des toponymes, des objets. Les représentations des corps, notamment leur nudité totale ou partielle, et celles de l’espace, apparaissent dans une gamme tout à la fois limitée, et délimitée par des motifs littéraires, esthétiques et plastiques. Les thèmes et références qui se retrouvent d’un album à l’autre et dans les énoncés mettent à jour les effets de stéréotypie, les préjugés et soulignent les discriminations ethnoraciales. Les résultats invitent à questionner l’illusion de l’indifférenciation des représentations des enfants blancs et des enfants noirs dans la production contemporaine des albums de fiction et montre l’importance d’étudier, outre les œuvres, les voix qui les escortent car elles peuvent – ou non - en influencer leur lecture et surtout, leur critique. |
| Crianças negras na história: Fontes e discursos sobre a breve infância permitida pelo escravismo oitocentista brasileiro | Author : Ione da Silva Jovino | Abstract | Full Text | Abstract :O artigo apresenta recortes de uma pesquisa histórica sobre criança, infância e raça na iconografia do século XIX, sendo a discussão sobre a maneira como eram representadas crianças e infâncias negras em diversos materiais imagéticos o objetivo principal. Com olhar centrado na história da infância e suas interfaces com a da escravidão no Brasil, o texto começa por apresentar breve introdução sobre as fontes e campos utilizados na pesquisa. A análise busca evidenciar vestígios da infância negra no século XIX, iniciando com a literatura de viagem, para, em seguida, buscar em alguns textos de memória. Aspectos da vida infantil, como a brincadeira e a educação, ressaltam que, mesmo de forma limitada e encolhida, foi possível demonstrar que as crianças vivenciavam a experiência da infância, bem como visibilizar suas formas de resistências às imposições dos adultos. Alguns apontamentos sobre educação precedem as notas sobre a relação entre infância e trabalho e a apresentação das percepções da escravidão das crianças de papel, colhidas de textos literários. As considerações finais partem da análise de um conto produzido já no início do século XX, mas que ainda traz resquícios da escravidão, mostrando uma criança negra escravizada, mesmo fora do escravismo formal. Também se considera, apesar da dureza da escravidão, a possibilidade de entrever uma infância-moleque, que é mediadora, brincante, desafiadora, composta de satisfação miúda entre alguns brinquedos, brincadeiras, travessuras e transgressões. |
| Infância e relações étnico-raciais. Percursos pelos trabalhos da ANPEd – GT 21 e 07 | Author : Jader Janer Moreira Lopes, Julvan Moreira de Oliveira | Abstract | Full Text | Abstract :Este trabalho procura refletir sobre os estudos e pesquisas que aproximam infância e relações étnico-raciais apresentados nas reuniões anuais da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação - ANPEd, especificamente nos Grupo de Trabalho 21 (Educação e Relações Étnico-Raciais) e 07 (Educação de Crianças de 0 a 6 anos). O recorte temporal que orientou a busca nesses espaços, acessados de forma virtual, foi a promulgação e implementação da Lei nº 10.639/03. A nova legislação criada alterou os artigos 26-A e 79-B da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96), tornando obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira na educação básica e introduzindo o dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra. A pesquisa apontou que, apesar de um aumento significativo nos últimos anos de estudos tanto no campo da infância quanto no campo das relações étnico-raciais, ainda são escassos os números de trabalhos que se encontram nos liames desses temas. Após análise, foi possível, ainda, agrupar em três categorias os textos encontrados, a saber: trabalhos que relacionam a questão étnico-racial com a literatura infantil e infanto-juvenil, os que estudam as relações étnico-raciais na educação infantil, e os que abordam a educação infantil em comunidades tradicionais, como as quilombolas. |
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