Por suas particularidades, enquanto gênero literário, a literatura de cordel oferece uma gama de reflexões sobre as diversas histórias e costumes de uma sociedade, trazendo à tona conhecimentos, manifestações artísticas e costumes adquiridos por uma região. Compreendendo a interdisciplinaridade que tal gênero oferece, este estudo tem como objetivo apresentar como a literatura de cordel pode ser utilizada como instrumento ou recurso metodológico e didático para o ensino de Geografia contribuindo para o processo de ensino e aprendizagem. Para tanto, utilizou-se do método do fenomenológico, com abordagem qualitativa e de uma pesquisa descritiva, utilizando como ferramenta para coleta de dados, questionários semiestruturados com professores de escolas públicas de três estados do Nordeste: Rio Grande do Norte (RN) e Paraíba (PB) e Ceará (CE). Desse modo, percebemos que a literatura de cordel está presente nas aulas de Geografia, promovendo discussões e ações significativas para construções de conceitos geográficos bem como reflexões de temas geradores e transversais, potencializando a aprendizagem dos alunos para além das teorizações curriculares postas pelo livro didático. Assim, conclui-se que tal gênero possibilita possíveis contribuições para o aprendizado de diferentes áreas, contribuindo para a formação integral dos educandos.

O prussiano Friedrich Ratzel (1844-1904) é um dos principais nomes da Geografia Clássica. Autor de obras como “Anthropogeographie” e “Politische Geographie”, elaborou um amplo corpo teórico e metodológico, que contribuiu significativamente para o desenvolvimento da ciência geográfica. Temas como as relações entre o homem e meio, o Estado, a sociedade e o território, além da formulação do princípio da extensão e do conceito de “Espaço Vital” e a proposição da abordagem hologeica são alguns dos seus principais contributos e objetos de discussão desse artigo. Conclui-se que as obras de Ratzel, a despeito das críticas a ele dirigidas, muitas das quais equivocadas e não condizentes com as suas ideias, contém reflexões bastante atuais e pertinentes aos estudos geográficos, de modo que o resgate de tais ideias é primordial para a compreensão da própria essência da geografia. Este artigo tem como objetivo desmistificar a visão determinista imposta ao geógrafo em questão e se apoia em um referencial teórico no qual vários autores contribuem para tal desmistificação. Utilizamos a leitura, a consulta bibliográfica, a hermenêutica e concluímos que a “pecha” de determinista radical imposta ao geógrafo Friedrich Ratzel é exagerada e eivada de falhas e equívocos.

O saneamento tem grande influência na qualidade de vida da população, pois na ausência do mesmo, aumenta a incidência de casos de doenças e, de forma geral, acarreta impactos no ambiente. Neste contexto, a água como um recurso de extrema importância para manutenção de vida, se tornou o principal veículo de contaminação e proliferação de doenças, devido aos descartes inadequados (lançamento de esgotos domésticos, efluentes in natura e resíduos sólidos), que por sua vez, intensifica o processo de degradações dos mananciais. Deste modo, esta pesquisa objetivou analisar o saneamento básico na bacia hidrográfica do rio Paciência, na Ilha do Maranhão. Especificamente os objetivos foram: avaliar os indicadores de desempenho do saneamento básico; avaliar a qualidade das águas por meio da análise de parâmetros físico, químicos e biológicos e por fim determinar o Índice de Qualidade da Água – IQA. Constatou-se que diante dos dados dos índices de saneamento juntamente com IQA, a área de estudo encontra-se comprometida, indicando poluição dos corpos hídricos tornando-se impróprios para uso. Está situação associa-se principalmente ao uso e ocupação do solo e a deficiência do saneamento básico na bacia.

Neste artigo científico, buscou-se caracterizar a dinâmica socioespacial de duas importantes feiras livres da cidade Boa Vista, capital do estado de Roraima, que são: a feira do Garimpeiro e a feira do Pintolândia. Ambas são classificadas como feiras livres móveis, pois ocorrem apenas em dias e horários específicos, que foram determinados pela prefeitura local, em comum acordo com os feirantes que ali exercem as suas atividades. Em relação à metodologia empregada, o referido estudo é de caráter descritivo, sendo elaborado por meio de pesquisa bibliográfica, utilizando-se de documentos oficiais, sites e revistas, além de referenciais teóricos de autores que abordam o tema em questão. Neste sentido, ficou evidente que em Boa Vista-RR, as feiras livres desempenham um importante papel na economia local, movimentando, principalmente, aos finais de semana uma boa parcela da população, que vão em busca de produtos com preços mais acessíveis. Ao longo do tempo, as feiras livres da cidade de Boa Vista ganharam corpo e atualmente se estabeleceram em determinados locais, apresentando uma dinâmica de sociabilidade comum a todos esses ambientes onde as relações socioespaciais se desenvolvem, dentro de uma cumplicidade e em prol de um objetivo comum que é conseguir obter êxito na venda de produtos variados.

O sujeito indefinido do título deste artigo é o eu-lírico que conversa com o saudoso professor Edward Saïd, em uma proposta que transita entre a antropologia e a geografia. Famoso internacionalmente por propor reflexões nos debates interculturais, sobretudo aqueles vinculados a dicotomia que envolve o embate ocidente versus oriente, Edward Saïd estabeleceu quatro dogmas para aludir ao que sustenta as formulações orientalistas. Para além do embate Ocidente e Oriente, os dogmas orientalistas servem a todo embate intercultural, ainda que, em algumas especificidades, alguns dogmas podem se mostrar mais expressivos do que outros. Dentre os dogmas de Saïd, nota-se a força da supressão da experiência histórica, que é a desconsideração dos efeitos do dinamismo identitário e cultural submetidos ao tempo atomístico em movimento. Ressentimos, contudo, de um destaque mais detido à supressão da geografia, entendida como formulações que unem o que é espacialmente apartado e apartam o que é espacialmente indissociável. Tomando como empréstimo as reflexões do crítico literário de origem palestina, o artigo em questão penetra nos domínios do não-dito ao propor rigorosa interface dos escritos de Saïd com a espacialidade. É o objetivo deste artigo apresentar como se dá a manifestação da supressão da geografia, concebida como um dogma ausente na tipologia de Saïd. Para tanto, trabalharemos hermeneuticamente os dogmas do orientalismo, que sintetizam poderosamente os argumentos da magnus opus de Saïd.sente na tipologia de Saïd.

A ética climática é uma emergente força que entrou na arena das formulações de políticas de adaptação e mitigação do aquecimento global. Pesquisas recentes revelam que os atuais instrumentos climáticos são pautados majoritariamente por soluções tecnológicas ou econômicas, e desconsideram ou invisibilizam princípios éticos biogeocêntricos. Este artigo busca apresentar a emergente ética climática e a potência normativa das suas categorias analíticas para formulação de políticas climáticas. O caminho metodológico adotado foi por meio de uma abordagem qualitativa, com revisão bibliográfica sistemática, pesquisa documental e análise de conteúdo. Na primeira parte do artigo é apresentada a ruptura ontológica entre o social e o natural na perspectiva socioclimática. Também é apresentado como os princípios éticos antropocêntricos estão associados à devastação da Natureza, assim como são mobilizados por estratégias de negacionismo e tecno salvacionismo na formulação de políticas climáticas. Na segunda parte, debato a moralidade dos elementos normativos da ética na perspectiva climática. Na terceira parte é apresentado o conjunto das categorias analíticas da emergente ética climática. As considerações finais remetem à potencialidade da expansão teórica do campo da ética climática, da ampliação normativa das categorias e da aplicação nos processos de formulação de políticas climáticas.

As mudanças climáticas são uma grande, se não a maior, problemática socioambiental contemporânea, impactando, em especial, as populações e os territórios que estão em condição de vulnerabilidade, como é o caso daqueles que vivem na região semiárida do Brasil. Nesse sentido, objetiva-se, com este artigo, refletir sobre os desafios impostos pelas mudanças climáticas no semiárido brasileiro, de modo a analisar quais os caminhos que as cidades desse território têm adotado na construção e efetivação da capacidade adaptativa climática como estratégia de sustentabilidade. Para isso, a metodologia deste artigo segue as orientações de uma abordagem de natureza qualitativa, fazendo uso de pesquisas bibliográficas e documental, e coleta de dados secundários enquanto instrumentos de pesquisa. A partir da análise e discussão dos resultados, observa-se que enfrentar os efeitos das mudanças climáticas no semiárido do Brasil é ainda um grande e complexo desafio para as cidades desse território. Muito embora contem com as energias renováveis (eólica e solar, por exemplo) como grandes potencializadores para enfrentar as mudanças climáticas locais, essas cidades não apresentam a adaptação climática estratégia de gestão urbana e ambiental. Dessa forma, pode-se concluir que a construção e efetivação da capacidade adaptativa climática como alternativa no alcance de um futuro sustentável ainda está longe de se configurar como agenda estratégica das gestões urbanas e ambientais das cidades do semiárido brasileiro, sobretudo no atual contexto em que se vivencia uma marginalização das questões ambientais e climáticas na agenda governamental federal.

Este artigo tem por objetivo analisar a formação/estruturação/consolidação do novo espaço público brasileiro a partir da dialética envolvendo o ciberespaço e o espaço físico. Para tanto, com a adoção do método dialético discute-se o fenômeno desde alguns fatos sociais recentes da história do país, iniciando-se com as jornadas de junho/2013, passando pelo impeachment que destituiu a Presidenta da República em 2016, pelo pleito eleitoral de 2018, pela pandemia da COVID-19 e, mais recentemente, pela anulação dos processos envolvendo o ex-presidente Lula. São fatos considerados pontos de inflexão na vida social, cultural, política e econômica do país por alterarem, em sentido lato, a forma como a sociedade brasileira se relaciona. Percebe-se que as redes sociais virtuais formam uma nova espacialidade no país, tecida pelos fluxos informacionais da modernidade, com reflexo direto nas ruas, formando espaços de coesão lá e cá, por intermédio de pensamentos e ideologias. Assim, este artigo analisa esta que parece ser a forma mais contemporânea de apropriação do espaço. Para tanto, fala-se do processo cognitivo e sensorial envolvente na construção destas espacialidades assentes no ciberespaço, bem assim, das formas pelas quais estas (des)articulam o agrupamento de congêneres (ideias e pessoas) e (re)organizam a vida em sociedade. Percebe-se que o novo espaço público brasileiro carrega consigo algumas características de sua gênese, isto é, segue com forte inclinação à ideologia política conservadora. Outrossim, ele reflete uma nova forma de colonialismo em marcha, que encerra em si discretas formas de dominação e de segregação socioespacial no Sul Global.

A centralidade das cidades na sociedade capitalista é inegável. A cidade é o lócus privilegiado em que as forças produtivas se manifestam da forma mais vigorosa no capitalismo. O artigo tem como objetivo compreender o papel desempenhado pelos polos (cidades), especialmente os sub-regionais, no processo de acumulação capitalista. Para tanto foi realizada pesquisa bibliográfica e foi adotado o estudo sobre as Regiões de Influência das Cidades (REGIC), tomando-se como referência a divisão espacial e a hierarquia urbana no Rio Grande do Norte (RN). Os resultados indicam que o florescimento das cidades polarizadoras no interior do RN se deu, quase sempre, pela expansão comercial que assegurou a diferenciação de algumas cidades e a partir de tal ponto reafirmou o comando do processo de acumulação de base mercantil, cujo predomínio acabou por moldar a estrutura produtiva intra-regional vigente. Conclui-se que as posições mais destacadas que os polos sub-regionais alcançaram na rede urbana decorreu do papel de lócus facilitador do processo de acumulação capitalista, inicialmente na seara mercantil, empós como polos de aceleração da rotação de capitais e pela capacidade de atrair alguns investimentos públicos e privados.

A partir do surgimento das ciências sociais as problemáticas relacionadas as formas de moradia nas grandes cidades do século XIX tornaram-se destaque. Os relatos da obra de Friedrich Engels, “The Condition of Working Classes in England”, de 1884, fez surgir novos pensamentos sobre a questão. No início do século XX, foram idealizadas maneiras de resolver os problemas evidenciados por Engels. Planejadores urbanos como Ebenezer Howard, Patrick Geddes, Georges-Eugène Haussmann e Le Corbusier destacaram-se na busca por soluções para a implantação de espaços habitacionais menos insalubres. Em contraponto, a forma de organização das moradias urbanas e os modos de vida na cidade não foram somente relacionados com questões urbanísticas. Robert Ezra Park desenvolveu teorias sobre os processos de interação entre indivíduos e comunidades na cidade. Com base nos conceitos de zonas morais e áreas naturais de Park e na atual realidade da expansão dos condomínios horizontais fechados na cidade de Mossoró, este estudo pretende identificar a possibilidade de utilização das concepções teóricas do autor para o entendimento do espraiamento desses empreendimentos na cidade. De caráter exploratório, este estudo possui como base de dados fontes bibliográficas. As concepções de Park, intrinsecamente, não possuem lastro suficiente para promoverem entendimentos sobre os fenômenos envolvidos nas determinações dos locais de moradias no ambiente urbano de Mossoró. O fenômeno do espraiamento dos condomínios horizontais fechados na cidade está mais relacionado as formas especulativas de negociação das terras urbanas do que com a escolha subjetivamente cultural.

O estudo dos sistemas dinâmicos não-lineares vem recebendo cada vez mais atenção da comunidade científica. A Teoria do Caos, desenvolvida no início da década de 60, busca soluções para sistemas que não se aproximavam do equilíbrio nem de uma solução periódica, descobrindo assim, o movimento caótico (oscilações irregulares e aperiódicas) sobre um atrator estranho. Esta descoberta foi um avanço para a análise da dinâmica hidrológica, considerada agora um sistema não-linear. Portanto, este artigo busca apresentar, sob a perspectiva da Teoria do Caos, potencialidades para a análise hidrológica de um sistema fluvial. Para isto, analisou-se a dinâmica fluvial e processos de erosão e sedimentação, além de entender dados de cotas, descarga líquida e sedimentos em suspensão, buscando compreender as médias mensais para prever os dados sob a perspectiva da Teoria do Caos. Os resultados apontam que análise dos fluxos turbulentos, em específico, fluxos helicoidais, e processos de transporte e deposição de sedimentos é interessante sob a perspectiva do Caos para uma escala de tempo curta, sendo difícil prever os resultados em uma escala de tempo maior. A utilização de médias mensais para prever fenômenos dados de cotas, descarga líquida e sedimentos em suspensão não é indicada pela dinâmica não-linear dos dados, porém é possível prever os dados em uma escala temporal curta. Observou-se, também, que quanto maior for a escala temporal prevista, maior a chance de haver inconsistências nos dados, não sendo indicada o uso para previsões, usando a Teoria do Caos, superiores a um ano.

As medidas restritivas de circulação de pessoas ocasionadas pela pandemia da COVID-19 fez com que parte da população permanecesse em casa, diminuindo o fluxo de pessoas nas ruas. Para compreender a influência das mudanças de comportamento da população na geração de resíduos sólidos, a presente pesquisa objetivou reunir informações sobre produção e descarte de resíduos sólidos durante o distanciamento social a fim de verificar se houveram mudanças nos hábitos de consumo de produtos e descarte de resíduos. A pesquisa foi elaborada a partir de revisão bibliográfica e uma sondagem de público sobre o comportamento da população em relação aos resíduos sólidos em plataforma digital. Os dados coletados mostram que o serviço de delivery aumentou após o início do distanciamento social, bem como a demanda por embalagens descartáveis, especialmente as de plástico. Por outro lado, aumentou a competitividade entre os trabalhadores do ramo de delivery e houve piora nas condições de trabalho. O volume de resíduos sólidos em áreas urbanas e nas praias diminuiu, enquanto o volume de resíduos enviados para a coleta seletiva aumentou. Neste período, novos tipos de resíduos passaram a ser vistos em ruas e praias, máscaras e luvas descartáveis. Conclui-se que este é um momento importante para a sociedade e os entes públicos tratarem do consumo e descarte de resíduos sólidos a fim de não agravar ainda mais os problemas relacionados aos resíduos; os hábitos individuais são importantes e todos devem buscar melhorar o comportamento em relação ao meio ambiente, no entanto, uma mudança significativa e duradoura deve contar com o poder público, indústria e o comércio, que regem os comportamentos da população. A política deve ser um instrumento de transformação e melhoria social, devendo os cidadãos atuarem sujeitos ativos, capazes de questionar e propor mudanças.

O estudo propõe uma reflexão teórica a partir de uma investigação bibliográfica sobre o papel da contribuição indígena no processo de formação socioespacial do Vale do Jaguaribe, no Ceará, interligando a inserção das atividades econômicas, principalmente a pecuária, com a questão indígena na região, que desde a chegada dos estrangeiros esteve envolta em muitos conflitos. Diante desse contexto, pressionados por uma estrutura irreversível, os grupos indígenas estabeleceram estratégias que resultaram em processos de resistência, mas que não impediu o invasor de continuar com o projeto colonizador de extermínio dos povos originários. Nesse sentido, essa análise, que trata de um aspecto importante sobre a história do passado do Vale do Jaguaribe, nos possibilita interpretar a formação socioespacial dessa região a partir de um processo doloroso, com a entrada dos brancos e da pecuária, que juntos legitimaram a desapropriação das terras indígenas. Mesmo sendo brutalmente violentados e assimilados com o restante da sociedade, esses povos nos dizem que estiveram aqui e resistiram antes de nós através da presença marcante na toponímia dos municípios e nos costumes preservados. Apesar da tentativa colonial de eliminar os hábitos, identidades e culturas indígenas, estes não ficaram presos ao passado, pois continuam se reinventando, transformando e se organizando até os dias de hoje.

Este artigo teve como objetivo analisar os aspectos legais e identificar os principais impactos ambientais adversos da atividade mineradora de caulim. A pesquisa foi realizada no município de Junco do Seridó, localizado no estado da Paraíba. Inicialmente, por meio de uma revisão bibliográfica, buscou-se conhecer conceitos importantes relacionados a impactos ambientais. Em seguida foi realizada uma consulta às Leis e Decretos em vigor no Brasil que regem a atividade econômica mineral e comparada com a realidade existente na área de estudo, através de buscas processuais das empresas atuantes no município, realizadas no site da Agência Nacional de Mineração. A pesquisa evidenciou a discrepância entre a rigorosidade da legislação vigente e a realidade existente na exploração mineral de caulim no município de Junco do Seridó, visto que a maioria das empresas não tem licença ambiental. Foram identificados os seguintes impactos ambientais adversos: degradação da paisagem, poluição do ar, erosão e contaminação do solo e redução da biodiversidade local. Em relação ao processo de produção, observaram-se algumas práticas benéficas que estão sendo adotadas pelas empresas, como a substituição dos fornos de lenha pelos secadores a céu aberto e o reaproveitamento de toda água utilizada no beneficiamento do caulim. O único rejeito produzido e que é um passivo ambiental preocupante é o rejeito mineral que fica a disposição em montes próximos às unidades de beneficiamento e seus territórios de exploração. Por fim, para mitigação dos impactos identificados torna-se necessário o licenciamento ambiental das empresas de mineração e a elaboração e execução de planos de monitoramento e recuperação de áreas degradadas.

Neste estudo de etnobotânica realizado em território indígena Tenharim, localizado no interior do estado do Amazonas, Brasil, constatou-se, através de entrevistas, a utilização de mais de 300 espécies vegetais, sendo a maioria de ocorrência natural do bioma Amazônia e outras introduzidas para diversas finalidades, como medicinal, alimento, artesanato, lenha, utensílios e construções em geral. Entre esta grande diversidade vegetal, 104 espécies são utilizadas na medicina profilática e curativa destes indígenas. O objetivo deste estudo foi realizar um levantamento do conhecimento que os tenharim possuem sobre a vegetação existente no seu território. O conhecimento das plantas e a relação do homem com a natureza não são passados e nem aprendidos de maneira sistemática e formal entre estes indígenas e são poucos os detentores destes conhecimentos. A grande variedade de espécies vegetais registradas demonstrou que o uso das plantas é bem abrangente e muito importante na sobrevivência cultural e ecológica dos tenharim.

Objetiva-se descrever e explicar as mudanças espaciais na Praça de Eventos “Nossa Senhora da Conceição”, mediante a Feira Intermunicipal de Negócios, Educação, Cultura e Turismo do Alto Oeste Potiguar (FINECAP). Esta praça passa por mudanças significativas no período que antecede a feira, especialmente mediante as ações da gestão municipal. Realizou-se uma pesquisa mista, com entrevistas junto aos sujeitos idealizadores e aos organizadores e aplicações de questionários para frequentadores. Nesse contexto, constatou-se que os objetos espaciais da feira são construídos com múltiplas intenções, buscando valorizar a cultura e estimular o crescimento da economia local e regional. Observou-se, ainda, que a FINECAP, ao alterar a dinâmica espacial da praça, contribui para a valorização da cultura local.

La presente investigación se enmarca como una colaboración de la Escuela de Geografía de la Universidad de Costa Rica con la Oficina del Ministerio de Salud de la región de Occidente. El estudio geográfico se orientó en diseñar una base de datos espacial de espacios públicos, privados y comunitarios existentes para la promoción de la salud, realizar el trabajo de campo para la captura de datos, hacer la interpretación espacial y contrastarlo con reseñas de la aplicación de Google Reviews para identificar las percepciones, las expectativas y grado de satisfacción de usuarios de estos espacios mapeados. Se identificaron 82 lugares orientados al desarrollo de actividades deportivas, cultura, ocio y recreativo para diferentes públicos (niños, adolescentes, adultos, adultos mayores) en una población total de 8.717 habitantes en el distrito San Ramón, Alajuela y se comparó por medio de los comentarios de los usuarios de Google Reviews que 15 lugares tienen una valoración positiva como espacios promotores de la salud, entre los que destacan: el parque Alberto Manuel Brenes, CCM Cinemas, el Centro Agrícola, el Mercado Municipal, la Plaza La Sabana, el Estadio Guillermo Vargas Roldán, la Iglesia de San Ramón Nonato, el Complejo Deportivo Rafael Rodríguez, el Centro Cultural e Histórico José Figueres, la Universidad de Costa Rica, el Centro de Cultura Social, entre otros.

Este trabalho tem o propósito de apresentar a cidade de Fortaleza do século XIX a partir de uma interpretação geográfico-literária da obra A Normalista, do escritor cearense Adolfo Caminha (1867-1897). Para isso, com base na Geografia Humanista, abordagem que valoriza a visão de mundo das pessoas, refletida na valorização do lugar, como objeto de estudo privilegiado, passeamos por temas como política, educação, seca, modernização, cotidiano, entre outros, colocando em relevo, por meio da obra literária, alguns assuntos caros à Geografia. Como modo de entender a cidade do passado a partir de rastros do presente, uma trilha urbana foi também elaborada a fim de acompanhar alguns dos passos das personagens da obra em questão. Na trilha, é possível dialogar tanto com a paisagem como com a literatura, e perceber a cidade por múltiplos olhares. Este trabalho, enfim, procura ampliar o horizonte de uma Fortaleza Literária possível, existente na criação literária e nos percursos que produz, enriquecendo a nossa compreensão da cidade em sua espacialidade, geograficidade e historicidade.