Cultura alimentar digital, poder e a vida cotidiana | Author : Zeena Feldman, Michael K. Goodman | Abstract | Full Text | Abstract :Comida e cultura digital estão mutuamente implicadas nos processos contemporâneos da produção de conhecimento e da contestação de poder ao redor do mundo. Nossa introdução e os artigos nesta edição especial do European Journal of Cultural Studies buscam traçar distinções, paralelos e sobreposições entre a comida e o digital para oferecer insights críticos sobre as capacidades, paradoxos e impactos da cultura alimentar digital sobre a vida cotidiana. Fazemos uma série de questões fundamentalmente focadas em questões de poder que sinalizam uma questão crucial para a (re)produção e circulação de desigualdade na ligação entre a comida e o digital. Para nós e para os autores aqui, Estudos Culturais é um solo particularmente fértil para se analisar a comida digital precisamente devido ao compromisso da disciplina em fazer a crítica do poder e da desigualdade e sua subsequente capacidade para esclarecer a política da comida digital cotidiana e seus impactos sociais, culturais e éticos. Este artigo apresenta e destaca questões essenciais – e introduz conceitos relacionados e debates teóricos – que guiam a agenda desta pesquisa. Além disso, abordamos as formas como os artigos desta edição se conectam à cultura alimentar digital e ao poder após a COVID-19. Concluímos com o sumário dos artigos desta edição e suas contribuições para a pesquisa sobre cultura alimentar digital e estudos culturais de forma mais ampla. |
| Distinção, digitalização e legitimação: A Incorporação das redes sociais no campo gastronômico brasileiro | Author : Camila Crumo | Abstract | Full Text | Abstract :Para investigar as relações entre o processo de naturalização das redes sociais e a dinâmica de distinção social, este artigo mobiliza dados dos perfis digitais de oito restaurantes paulistanos e de guias gastronômicos nacionais e internacionais no Facebook, Instagram e Tik Tok, além de matérias e entrevistas na mídia com chefs e administradores desses restaurantes. Calcada na teoria bourdieusiana, a análise aponta que as disputas por legitimação no campo gastronômico são afetadas pela necessidade de atender à pressão dos novos hábitos digitalizados da clientela, posto que tal jogada pode ser julgada como condenável pelos agentes consagradores desse campo. Por meio da amostra selecionada, o artigo explora as diversas estratégias postas em prática pelos agentes do campo para evitar a caracterização do movimento como "interesseiro" e para estabelecer modalidades legítimas de incorporação das redes sociais no cotidiano dos restaurantes. |
| Comidas Kanhgág Eg V?j?n: A construção do espaço alimentar digital | Author : Gabriel Chaves Amorim | Abstract | Full Text | Abstract :O presente artigo elabora uma etnografia junto aos Kanhgág para analisar os espaços alimentares por eles criados, considerando-os como organizações culturais, grupos de rede social e os hábitos cotidianos de alimentação. “?g v?j?n” significa “nossas comidas” e representa um espaço alimentar antropológico criado pelos Kanhgág, que às vezes é chamado de “comida típica”. Para tanto, o estudo utiliza bibliografia antropológica sobre alimentação a fim de analisar uma série de postagens em um grupo de uma rede social virtual dedicado à alimentação Kanhgág. Entre o ativismo virtual e a promoção de centros culturais, os Kanhgág constroem sua alimentação. |
| Veganismo não é dieta | Author : Rodolfo de Moraes Santos Cerqueira | Abstract | Full Text | Abstract :No presente artigo, é abordado a temática do veganismo e as disputas em torno do seu significado e práticas, mobilizadas através de debates em fóruns de grupos da rede social Facebook. O objetivo consiste em refletir sobre os conflitos que atravessam os debates em torno da ética animalista vegana, mapeando disputas discursivas acerca de quais práticas de consumo, relações humano-animais e mesmo pautas políticas que se coadunam com veganismo ou não. A partir da observação desses conflitos, é identificado uma expressão importante que aparece nos debates, e que encaminha para a conclusão de que as relações entre humanos e humano-animais precisam ser interpretadas a partir de recortes que deem conta das diversas desigualdades em jogo. Além disso, identificamos duas tendências antagônicas que se desenham no meio vegano brasileiro, tanto no que se refere às estratégias de boicote e promoção ao consumo, quanto no que se refere à abordagem dos conflitos humano-animais. |
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